Ítalo Coriolano: Cunha precisa ser cassado

Por *Ítalo Coriolano

Eduardo Cunha e o dilema de Temer - Divulgação

No último dia 26 de junho, Eduardo Cunha se reúne com o presidente da República em exercício Michel Temer (PMDB). Segundo a assessoria do Planalto, discutiram o atual cenário político. Onze dias depois, o peemedebista acusado de enriquecer às custas do Petrolão renuncia ao comando da Câmara.

Apesar de quase nada se saber sobre o encontro entre os dois aliados, é bem provável que a decisão de deixar o posto tenha sido desenhada naquele momento, configurando-se, assim, um possível “acordão” para salvar o mandato do peemedebista. Negociação que poderá ser em breve confirmada a partir da eleição do novo presidente da Casa. Será preciso observar cada movimento do governo interino para saber o nível de influência que ele exercerá sobre o processo.

Caso a bancada de apoio ao Executivo se articule para apoiar um nome próximo a Cunha, estará então comprovada atuação direta de Temer em prol do parlamentar carioca. Uma situação eticamente inaceitável diante de todas as evidências que incriminam o agora ex-presidente da Câmara dos Deputados.

Cunha não possui mais nenhuma condição moral de pertencer aos quadros do Legislativo brasileiro. Sua presença ali é um insulto a um País que vem aprendendo a não tolerar determinadas imundícies, a rejeitar figuras que fazem do poder meio para usurpar o que é público.

A cassação de Cunha se faz necessária para dar uma luz de esperança em meio às trevas em que nos encontramos mergulhados. Nos tempos em que não era personagem de destaque em Brasília, o peemedebista mostrou do que é capaz quando o assunto é corrupção.

Os danos foram gigantescos e a recuperação será lenta. Sua permanência no Parlamento é nociva às boas práticas políticas, uma agressão às instituições, um perigoso desestímulo a quem ainda sonha em transformar essa Federação em algo mais próximo da seriedade.

Caso Michel Temer mexa mais peças para permitir a continuidade de Cunha na Câmara, estará assinando um atestado de que realmente ele e seu partido estão nas mãos do correligionário.Não poderia haver outra razão. Provável medo em relação a um sujeito que por tantas vezes disse que jamais renunciaria ao cargo de presidente da Câmara, com a mesma veemência com que também já afirmou que não tem nada para delatar.

*Ítalo Coriolano é editor-adjunto de Conjuntura do Jornal O Povo

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