Oposição venezuelana evita o diálogo político, denuncia ex-chanceler

O ex-chanceler venezuelano José Vicente Rangel afirmou que a Mesa da Unidade Democrática (MUD, coalizão opositora) foge do diálogo político com o Governo Bolivariano liderado por Nicolás Maduro, ainda que tente mostrar outra atitude.

parlamento na Venezuela - Divulgação

Dizem aceitar o estabelecimento de uma mesa de negociações, mas põem condições inconsistentes, inaceitáveis, descabidas, reveladoras da decisão adotada pela cúpula da MUD de negar-se, terminantemente, a dialogar, assinalou.

Para o jornalista, enquanto 80% dos venezuelanos quer uma solução pacífica por meio de conversas entre as partes e, no mundo, há um pronunciamento unânime no mesmo sentido, os opositores na realidade não o desejam.

“A oposição não aceita os chamados do presidente Maduro ao diálogo, porque considera que chegou o momento de acabar com o governo bolivariano”, afirmou à imprensa local.

Segundo Rangel, é o cálculo equivocado que conduziu esta mesma oposição há 14 anos, quando tentou derrubar o então presidente Hugo Chávez, a paralisação da indústria petroleira e as guarimbas (distúrbios violentos organizados pela oposição).

“A política é diálogo e constitui prática constante na história. Confirma isso o conflito do Estado da Colômbia e as Farc, nos diálogos em Havana, onde tudo indica que se alcançou a paz depois de 50 anos de morte e desolação. Talvez os venezuelanos não possam atingir algo similar agora”, refletiu.

Para Rangel, se não for ativado o referendo revogatório contra Maduro, uma da exigências da MUD para iniciar um processo de negociação, a responsabilidade não será do Governo Chavista.

A culpa, assegurou, será da própria direção opositora pelas trapalhadas na hora de cumprir os requisitos legais e constitucionais; por apresentar assinaturas de pessoas falecidas, de menores, de gente não inscrita no Registro Eleitoral, de presos por delitos comuns e muitas outras irregularidades.

Além disso, denunciou a ação desestabilizadora contra a democracia venezuelana por meio de uma operação midiática e econômica para acabar com a ordem constitucional, articulada pela direita nacional em cumplicidade com a que opera fora do país.

Há uma conspiração de setores político-partidários; ex-banqueiros corruptos que fugiram e operam com absoluta impunidade nos Estados Unidos; governos europeus; corporações, que atacam por qualquer motivo – e ainda sem motivo – o Governo venezuelano e suas instituições, expressou.

Dirigentes de outras nações, parlamentos, associações, não vacilam em descarregar todo tipo de infâmia. A oposição não descansa no esforço de mentir para distorcer a realidade e investir contra o Conselho Nacional Eleitoral, a Força Armada Nacional Bolivariana, o Poder Cidadão ou o Tribunal Supremo de Justiça, acrescentou.

Segundo sua opinião, o propósito não é outro que derrubar o governo constitucional, e nisso participam os governantes corruptos do Partido Popular espanhol, presidentes neoliberais como Horacio Cartes do Paraguai, Mauricio Macri da Argentina, e o golpista Michel Temer.