Colômbia dá primeiro passo rumo à transição das Farc

Começou nesta semana, na Colômbia, a inspeção nas zonas onde estão concentrados os membros das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia – Exército do Povo), para selar a paz com o governo. Estas áreas serão chamadas de “zonas de transição”, e servirão para reincorporar os guerrilheiros à vida civil da melhor forma possível.

Farc - AP

“Hoje [segunda-feira (8)] podemos dizer que o processo de paz chegou na Colômbia através de visitas para fazer um reconhecimento técnico de cada uma das 23 zonas e cada um destes oito pontos complementares [onde alguns membros das Farc ficarão temporariamente]”, disse um dos responsáveis pela Comissão de Paz, Sergio Jaramillo.

Delegados do governo, nas Farc e da ONU visitarão durante toda a semana seis regiões do país em uma “missão tripartite” de “delimitar as zonas” que tenham uma via de acesso adequada, água, eletricidade para assegurar que sejam de um tamanho capaz de comportar os membros da missão da ONU para verificar o cumprimento dos acordos, explicou o porta-voz.

“É um enorme desafio logístico que enfrentaremos”, garantiu Jaramillo, que detalhou também como será a operação de inspeção do Comitê Internacional da Cruz Vermelha.

O objetivo também é que as duas partes dialoguem com os habitantes i esclareçam todas as dúvidas das populações locais. Inclusive as autoridades de cada região devem chegar a acordos com os donos de terrenos que serão ocupados pelos guerrilheiros para que sejam arrendados temporariamente, caso seja necessário.

Jaramillo, junto ao delegado das Farc, Carlos Antonio Lozada e ao chefe de observadores da missão da ONU, Javier Pérez Aquino, concedeu uma coletiva de imprensa para esclarecer algumas questões.

Aquino afirmou que para a ONU é fundamental solucionar todas as questões logísticas antes de começar a missão. Já o responsável pelas Farc, Lozada, destacou que pela primeira vez “as Forças Armadas do Estado e os combatentes da insurgência compartilham os mesmos terrenos para desenvolver uma missão conjunta”.

O chefe da equipe de negociações do governo, Humberto de la Calle, explicou recentemente que as Farc deixariam as armas nos primeiros 150 dias depois do acordo de paz definitivo e que a ONU terá mais 30 dias para extrair o armamento das zonas de concentração e depositá-los em containers especiais.

Destacou, porém, que o fim do conflito vai além de deixar as armas. “Com a assinatura do acordo final termina uma etapa, mas começa outra que é a implementação de uma paz firme. Aqui é onde precisamos trabalhar por uma paz territorial”.

“O fim do conflito não é só calar os fuzis, este não é um tema militar, isto vai muito além e tem a ver com uma fase mais longa de implementação de paz, mas também com uma possibilidade de reconciliação e neste sentido não podemos esquecer o propósito final disso, não é só uma espécie de trégua, é uma oportunidade para a Colômbia”, finalizou La Calle.