Direita colombiana ameaça o acordo de paz

O Acordo de Paz assinado por Timoleón Jiménez, comandante em chefe das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia – Exército do Povo) e por Juan Manuel Santos, presidente da Colômbia nesta segunda-feira (26) é a proposta mais sólida que o país teve até hoje de acabar com os 52 anos de guerra. Mas a direita colombiana não está interessada na paz e ameaça este projeto.

Álvaro Uribe e George W. Bush - AP

Quando falamos em 52 anos de guerra na Colômbia, isso significa muito mais que números exorbitantes de dinheiro gasto em armamento. Isso significa um país inteiro onde três gerações já nasceram em meio a um conflito. Isso significa milhares de pessoas expulsas de suas casas e de suas terras, dezenas de milhares de inocentes assassinados. Trata-se de pessoas, não de números.

Ainda assim, existe quem tenha lucro. E neste caso, a paz não é interessante. Não é a toa que o ex-presidente Álvaro Uribe(2002 – 2010) defende a continuidade da guerra.

O partido de direita, Centro Democrático, liderado por Uribe anunciou que vai denunciar em instâncias internacionais o acordo de paz para evitar que seja incorporado na Constituição da Colômbia.
Uribe argumenta que o acordo “não cumpre” com requerimentos internacionais relacionados aos direitos humanos e a reparação das vítimas.

No entanto, um dos debates mais delicados durante os quatro anos de negociações de paz realizadas em Havana foi justamente a reparação das vítimas. Tanto o governo, quanto as Farc, tomaram muito cuidado ao tratar esta questão porque não ninguém mais prejudicado nesta guerra que os familiares dos mortos e as pessoas sequestradas.

Portanto, o acordo firmado pelas duas partes só foi possível justamente por garantir um sistema integral de investigação, verdade, justiça, reparação e não repetição aos crimes de guerra. Desta forma, as pessoas atingidas pelo conflito ficam totalmente contempladas.

O acordó garante a criação de uma Comissão para Esclarecimento da Verdade, Convivência e Não Repetição, além da Unidade Especial para a Busca de Pessoas Desaparecidas no conflito e a Jurisdição Especial para a Paz. Estas três medidas são específica para a reparação das vítimas.

Neste domingo (2), enquanto o Brasil realiza eleições municipais, a Colômbia vai fazer seu “plebiscito para a paz”. Ou seja, o acordo de paz será submetido à votação popular. Quem defende o fim do conflito faz campanha pelo “Sim”, enquanto Uribe e seus apoiadores defendem o “não”, que significa continuar a guerra. Neste dia a história do continente estará em jogo.