Em ato, povo de Fortaleza se solidariza com Inácio e família

A portaria do Campus Fortaleza do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará (IFCE), que no domingo (02), foi palco de agressões cometidas por policiais militares contra o ex-senador Inácio Arruda, sua esposa, a médica Teresinha Braga, suas filhas e três outros jovens, tornou-se, na noite desta quarta-feira (05), espaço de uma manifestação de desagravo às vítimas da violência policial.

Em ato, povo de Fortaleza se solidariza com Inácio e família - O Povo

O ato público, realizado ao final da tarde, foi marcado pela condenação da cultura de violência e da impunidade quanto aos excessos cometidos pela polícia, cotidianamente, contra inúmeros cidadãos brasileiros, principalmente os negros, pobres e residentes em bairros de periferia.

Os participantes cobraram rigorosa apuração dos fatos amplamente registrados por dezenas de pessoas e gravados em inúmeros vídeos de celular, por quem estava no IFCE Fortaleza, então utilizado como local de votação nas eleições municipais. Nem a presença de tanta gente impediu os policiais de utilizarem força excessiva e agredirem pelo menos seis pessoas – quatro das quais, mulheres. Inácio, secretário de Ciência, Tecnologia e Educação Superior, do Governo do Estado, chegou a levar uma "gravata" (técnica de agressão e tortura em que a vítima é segurada pelo pescoço) de um policial. Teresinha Braga, de 61 anos, foi agredida com um soco no peito e jogada ao chão, além de ter cortes nos dois braços, com grande sangramento. As jovens chegaram a ser atiradas na avenida 13 de maio, contra os carros que por ali passavam. Uma delas teve o braço quebrado.

Na manifestação desta quarta-feira, a indignação foi às ruas e voltou ao local do crime de agressão, cometido por quem deveria agir em prol da tranquilidade e da segurança da comunidade. Militantes do PCdoB e de outros partidos do campo popular, jovens, idosos, lideranças sindicais e de movimentos comunitários e sociais, estudantes, professores e cidadãos que passavam pelo local se somaram a uma só voz, exigindo justiça para as vítimas, punição aos culpados, sem corporativismo nem tentativas de minimizar atos tão graves.

A cultura da violência, o uso da força contra indefesos por parte dos policiais que cometeram as agressões, o medo que faz parte do cotidiano de muitos jovens, "acostumados" a abordagens violentas por parte de policiais nos bairros de Fortaleza, foram condenados pelo senador Inácio Arruda, que descreveu os momentos de agonia pelos quais passou ao ver seus familiares sendo agredidos pela polícia de forma truculenta, descabida e covarde. Inácio cobrou providências das autoridades E conclamou a população de Fortaleza a abrir os olhos e agir contra a cultura da violência, que vem aumentando em episódios como a Chacina da Messejana, que deixou 11 mortos, em uma mesma noite, na periferia da capital cearense.

Teresinha Braga, as filhas de Inácio e as militantes Andrea Oliveira e Germana Soares, da União Nacional dos Estudantes, participaram da manifestação, que chamou atenção de quem passava pela avenida 13 de Maio, nas calçadas ou nos carros e ônibus. Todos receberam a solidariedade da população e apoio para a luta pela responsabilização dos culpados. O presidente do Comitê Estadual do PCdoB, Luis Carlos Paes, tornou a denunciar a postura inaceitável dos policiais que agrediram mulheres, idosos e jovens. O ato público deixou claro que o povo de Fortaleza não aceita viver sob uma cultura de medo e violência.