Equador admite que restringiu internet de Assange

O Equador admitiu que “restringiu temporariamente” uma parte do sistema de comunicações da sua Embaixada no Reino Unido, onde há quatro anos está refugiado o ativista Julian Assange, fundador do Wikileaks.

Julian Assange, em 4 de outubro. Montagem do El País

Em um sucinto comunicado, porém, disse que “o Governo do Equador respeita o princípio de não intervenção nos assuntos de outros países, não se imiscui em processos eleitorais em curso nem apoia um candidato específico”.

A decisão coincide com a divulgação pelo Wikileaks de documentos prejudiciais à candidata democrata Hillary Clinton à presidência dos Estados Unidos.

O apagão digital foi denunciado pelo próprio Wikileaks, site especializado no vazamento de documentos sigilosos. O grupo disse que o corte da internet de Assange começou na noite de sábado, dia 15.

A chancelaria equatoriana afirmou também que “a política externa do Equador segue exclusivamente decisões soberanas e não cede a pressões de outros países”. Em nota divulgada anteriormente, o chanceler equatoriano, Guillaume Long, se limitou a ratificar “a vigência” do asilo concedido a Assange há quatro anos e “a proteção” que o Estado equatoriano lhe oferece, já que as circunstâncias que motivaram a concessão do asilo não mudaram.

Para evitar ser deportado pelo Reino Unido para a Suécia, onde é acusado de um crime sexual que afirma não ter cometido, Assange obteve refúgio na embaixada do há quatro anos. O Equador tentou mediar a questão mas Assange pode ser detido pelas autoridades britânicas se deixar a sede diplomática.

O crime sexual que Assange teria cometido foi ter mantido relações sexuais com uma mulher sem que ela soubesse que ele não estava usando um preservativo. A mulher, tempos depois, foi identificada como próxima de vários agentes do governo sueco e da CIA, e provavelmente vigiava o ativista.

No dia 14 de novembro, um promotor equatoriano viajará a Londres para fazer as perguntas enviadas por colegas seus da Suécia. Assange teme não tanto a extradição para Estocolmo, e sim a possibilidade de que, uma vez tramitadas as acusações de crime sexual, ele seja novamente extraditado, desta vez para os EUA, onde poderia ser julgado por ter revelado milhares de comunicados confidenciais do Governo.