MEC dissimula perseguição e ameaça estudantes com prazo de desocupação

O Ministério da Educação (MEC) emitiu uma nota nesta quinta-fera (20) onde, em nenhum momento, faz menção a orientação que foi dada pelo mesmo departamento na quinta-feira (19), instruindo, através de ofícios, dirigentes dos Institutos Federais a listarem os nomes dos estudantes envolvidos nas ocupações. Além do tom dissimulado, o comunicado também determina que os alunos desocupem suas escolas até o dia 31 de outubro.

Por Laís Gouveia 

MEC dissimula perseguição e ameaça estudantes com prazo de desocupação

A nota emitida pelo MEC no início da tarde desta quinta-feira diz, "Diante da ocupação de estruturas físicas de alguns campi de institutos federais, a Secretaria da Educação Profissional e Tecnológica (Setec) do Ministério da Educação solicitou aos dirigentes da Rede Federal de Educação Profissional e Tecnológica informações sobre a situação dessas ocupações", distorcendo o ofício emitido aos dirigentes dos Institutos Federais na quinta-feira à noite, onde era claro o interesse do ministério em listar os estudantes que ocupam o local.

Outro ponto enfático no comunicado do MEC é a preoucupação em criminalizar o movimento estudantil. A nota denuncia que pessoas não-matriculadas ocupam as escolas e os estudantes que manifestam-se no local atrapalham o direito de ir e vir de quem quer prestar o Enem, em uma tentativa clara de marginalizar a movimentação perante a opinião pública.

Omitindo o impacto nocivo que a PEC 241 trará para a educação ao longo das próximas décadas, inclusive sendo uma das causas que resultaram nas ocupações das escolas, o comunicado argumenta que o governo Temer investe em educação, "a atual gestão já liberou esta semana mais de R$ 200 milhões, completando 100% do custeio dos Institutos Federais, dos Cefets e do Colégio Pedro II".

Resistência prossegue

Contrários à PEC 241, a Medida Provisória da Reforma do Ensino Médio e a Lei da Mordaça, estudantes ocupam mais de 900 escolas em todo o país, uma atitude extrema para lutar pelo regresso do diálogo, a democracia e o não sucateamento da educação pública.

A União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes) repudiou nesta quinta-feira (20) a ameaça de suspensão do ENEM e perseguição às ocupações, "as investidas repressoras do governo não vão impedir os estudantes. Permaneceremos resistindo até que a pauta de reivindicações seja ouvida e discutida. As ocupações serão mantidas em oposição à Medida Provisória que “deformará” o Ensino Médio, em repúdio à Lei da Mordaça (Escola sem Partido) e contra a PEC 241, que vai prejudicar investimentos em áreas como Educação e Saúde, literalmente congelando o nosso futuro", diz um trecho do comunicado lançado pela entidade.