Governo da Venezuela abre mesa de diálogo com a oposição

O Governo da Venezuela estabeleceu a primeira mesa de diálogo com a oposição nesta segunda-feira (31). Depois da reunião, que terminou de madrugada, ficou decidido que serão criadas quatro mesas de trabalho para debater soberania, reparação de vítimas, cronograma eleitoral e situação econômica.

Nicolás Maduro e Jesús Torrealba - Efe

Desde que a situação política se agravou e a oposição concentrada na MUD (Mesa da Unidade Democrática) começou a desestabilizar o governo de Nicolás Maduro – que deve terminar apenas em 2019 – o Vaticano se colocou a disposição para mediar o diálogo.

Desta forma, o Vaticano enviou um representante para mediar o diálogo. Trata-se do prelado italiano Claudio María Celli que, ao final da reunião, leu uma declaração conjunta na qual explica que as mesas de trabalho serão coordenadas pelos mediadores da Unasul e da Igreja. Segundo o líder religioso, o próximo encontro da mesa geral de diálogo será no dia 11 de novembro.

As conversas entre governo e oposição começaram na tarde do domingo (30). A mesa foi composta pelo presidente venezuelano, Nicolás Maduro, e cinco representantes da aliança antichavista MUD, acompanhados pelos mediadores Unasul e do Vaticano. O partido Vontade Popular (VP), de Leopoldo López, se recusou a participar das conversas.

"Quero manifestar perante o representante do Papa Francisco, como o fiz há poucos dias em Roma, meu agradecimento e compromisso absoluto como presidente da República e líder do Movimento Bolivariano e Revolucionário da Venezuela com este processo de diálogo", afirmou Maduro. Além disso, o presidente disse que vai ao diálogo disposto "a escutar, e tomara ser ‘escutado", para "buscar pontos de encontro em função dos interesses das grandes maiorias".

Por sua parte, o representante do Vaticano para fazer a mediação entre governo e oposição, pediu às partes que o diálogo seja sério e que sejam gerados "sinais autênticos" que o país espera. Celli afirmou que o papa Francisco está "profundamente preocupado" com a tensão na Venezuela e disse que "seu desejo é o de favorecer o mais possível a feliz realização deste processo".

Antes da reunião, os principais partidos da aliança opositora – Ação Democrática (AD), Primeira Justiça (PJ), Vontade Popular e Um Novo Tempo (UNT) – tiveram sérias diferenças sobre os termos nos quais devia ser aceito esse encontro.

A situação foi resolvida com a exclusão da VP da reunião, da qual participaram o secretário-executivo da MUD, Jesús Torrealba; o representante da UNT, Timoteo Zambrano; o da PJ, Carlos Ocariz; o da AD, Luis Aquiles Moreno; e o governador do estado de Lara, o opositor e antigo chavista Henri Falcon.

Em comunicado divulgado pela MUD, a aliança explica que Torrealba e os outros três grandes partidos acertaram sua participação "em função de aceitar o convite do Vaticano para avançar na formação de um espaço de diálogo" que permita dar soluções para a crise do país.

Os partidos que decidiram estar na mesa se comprometem a exigir o fim do que chamam de “repressão” e de “perseguição", assim como "a se levantar do espaço de diálogo em caso de não ser resolvidas as demandas no curto prazo". A VP se comprometeu a se unir às conversas uma vez que suas exigências fossem cumpridas.