Daniel Bezerra Furtado: Greve estudantil e ocupações

“Nós que não temos acesso a saúde, transporte, segurança, moradia e educação dignas, enfrentamos essas arbitrariedades com greves e ocupações em todo o Brasil, sejam em escolas ou faculdades, e somos criminalizados. O Judiciário, as polícias e o MBL tentam instaurar o terror próprio do estado de exceção contra os estudantes que decidiram de forma autônoma e madura lançar mão do que resta fazer: resistir”.

Por *Daniel Bezerra Furtado

Estudantes da UFC deflagram greve geral contra PEC do Teto dos Gastos

Em assembleia com mais de 1500 estudantes, decidimos pela greve com ocupações dos prédios da universidade. O Departamento de Geografia já estava ocupado e, em seguida, a Faculdade de Educação (Faced) foi imediatamente ocupada. Qual a finalidade? O Governo Temer e aliados desejam impor a PEC 241/55, um “plano de austeridade” no Brasil que nem os gregos com mais de 30 greves gerais em seus piores pesadelos imaginaram ver. Vinte anos de arrocho brutal para nós, trabalhadores e estudantes. Parlamentares e juízes são deixados de fora do ajuste fiscal e já começam, inclusive, a reajustar seus salários já estratosféricos. Porque não os congelam em 20 também, e dão este exemplo ao povo brasileiro?

Nós que não temos acesso a saúde, transporte, segurança, moradia e educação dignas, enfrentamos essas arbitrariedades com greves e ocupações em todo o Brasil, sejam em escolas ou faculdades, e somos criminalizados. O Judiciário, as polícias e o MBL tentam instaurar o terror próprio do estado de exceção contra os estudantes que decidiram de forma autônoma e madura lançar mão do que resta fazer: resistir.

No entanto, não bastasse setores da imprensa comemorando o corte de ponto de servidores públicos para frear “a farra das greves”, somos surpreendidos novamente com artigos questionando o que seriam as greves de estudantes e a defesa sagrada dos espaços de cimento e concreto, não dos que neles constroem conhecimento. No dicionário Aurélio essa pergunta é respondida: “greve: interrupção voluntária e coletiva de atividades ou funções, por parte de trabalhadores ou estudantes, como forma de protesto ou de reivindicação”. Se lutássemos apenas contra o golpe parlamentar e pela defesa da democracia, esta greve já estaria mais que justificada. Agora, lutamos também contra seus desdobramentos.

Nadamos contra a corrente. Que os leitores saibam que essa geração que luta e sonha não ficou em casa vendo a banda passar, por que acreditamos em nossos sonhos.

*Daniel Bezerra Furtado é Estudante de Pós-Graduação em Educação da UFC

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