11 mortos: Chacina de Messejana completa um ano

O que você fez na noite do dia 11 para o dia 12 de novembro de 2015? Talvez a maioria não saiba responder, mas os moradores da Grande Messejana certamente saberão. Aquela noite ficou marcada na mente e no coração de tantas pessoas que perderam familiares, amigos, conhecidos, vizinhos.

Moradores do Curió repercutem notícia de indiciados por chacina - O Povo

Nesta sexta-feira (11), completa um ano da Chacina do Curió, que vitimou 11 pessoas, sendo nove com idades entre 16 e 19 anos; seis baleados sobreviveram e uma região inteira permanece convivendo com o medo. Considerada a maior chacina de Fortaleza, moradores da região ainda esperam por justiça, punição aos culpados e lutam pela paz.

Desde aquela noite assustadora, entrecortada por estampidos, os gritos de pavor ainda ecoam nas ruas dos bairros. Aquela noite não acabou. Foram vítimas nos bairros Curió, Alagadiço Novo, Lagoa Redonda e Barroso. O silêncio, aliado ao clamor por justiça, ainda brada. Uma fonte que pediu para não ser identificada disse não querer falar. O medo permanece. A luta por punição dos culpados também. Silenciosa e constante.

Há um ano, os moradores convivem com o medo e a saudade. Além da perda irreparável das vidas, o saldo é a prisão preventiva de 44 policiais militares (dentre eles um tenente, sete sargentos, seis cabos e 30 soldados, sendo uma mulher) denunciados pelo Ministério Público do Ceará (MPCE) como autores dos crimes e responsáveis por centenas de vidas que permanecem suspensas. As investigações, com oitivas de sobreviventes, testemunhas e acusados continuam. A expectativa é de que só em 2017 o caso seja concluído. Até lá, o medo e a esperança lutam por espaço.

Entenda o caso

Na madrugada do dia 11 para o dia 12 de novembro de 2015, 11 pessoas foram vítimas de uma chacina, considerada a maior da história de Fortaleza. Nove dos onze homens assassinados tinham entre 16 e 19 anos.

A polícia trabalhava com três linhas de investigação para apurar as mortes: uma possível vingança pela morte do soldado Valterberg Chaves Serpa, 32, também assassinado no dia 11; retaliação à execução dos delatores de Carlos Alexandre Alberto da Silva, 38, preso no dia 10/11 e ainda vingança pela morte de Lindemberg Vieira Dias, também no dia 11/11, um dos líderes do crime na região.

A análise de provas técnicas, como das imagens de câmeras de monitoramento da região, dos dados das antenas da rede de telefonia móvel e a localização das viaturas policiais pelo sistema GPS, a investigação apontou para vingança contra a morte do PM. O depoimento dos sobreviventes e das testemunhas confirmou as investigações.

Três das 11 pessoas mortas na chacina da Grande Messejana tinham passagem pela polícia. Os delitos, porém, não tinham relação com tráfico de drogas ou violência letal, mas ameaça, crime de trânsito e pensão alimentícia.

Conforme relatos de testemunhas, as vítimas eram tiradas de dentro das residências e executadas em via pública.