Chacina de Messejana: Decretada prisão preventiva de 44 policiais

Denunciados pelo Ministério Público do Ceará (MPCE) por participação na chacina em Messejana, 44 policiais militares foram condenados pela Justiça cearense a prisão preventiva na última quarta-feira (31/08). Na época, o caso chocou a população e é considerada a maior chacina de Fortaleza, que vitimou onze pessoas em diversos ataques no dia 12 novembro do ano passado.

Chacina de Messejana: Decretada prisão preventiva de 44 policiais

Os mandados de prisão foram expedidos pela 1ª Vara do Júri da Comarca de Fortaleza e os policiais se apresentaram espontaneamente no 5º Batalhão da PM, no Centro. Segundo a denúncia do MPCE, os policiais responderão por homicídios qualificados, tentativa de homicídios e prática de prevaricação (crime cometido por funcionário público contra administração). Os nomes dos presos não foram divulgados.

A denúncia, que incluía dois oficiais e 43 praças, foi entregue ao MPCE no dia 15 de junho deste ano, para apreciação. A Justiça chegou à conclusão que 44 dos 45 denunciados devem esperar o julgamento pelos crimes na prisão. Somente a denúncia contra um oficial não foi aceita pelos magistrados.

Em nota, a Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) informou que todos estão à disposição da Justiça. São eles um oficial (tenente) e 43 praças, incluindo sete sargentos, seis cabos e 30 soldados. Uma mulher está entre os militares presos.

O coronel Lauro Prado de Araújo Carlos, secretário-adjunto da SSPDS, disse que a pasta ainda não conhece o teor dos autos do processo, em função do segredo de justiça. "Ordens judiciais não devem ser discutidas e sim cumpridas. Durante o dia foi informado aos comandos que apresentassem os policiais que tiveram as prisões decretadas contra si e até o fim da noite todos estavam recolhidos".

A decisão, tomada quase 300 dias após a chacina, foi recebida com revolta pela tropa. Alguns policiais já cogitam possíveis reações, como paralisações e greve branca.

Entenda o caso

Na madrugada do dia 11 para o dia 12 de novembro, 11 pessoas foram vítimas de uma chacina em Fortaleza, com assassinatos nos bairros Curió, Alagadiço Novo e São Miguel. Nove dos onze homens assassinados tinham entre 16 e 19 anos.

A polícia trabalhava com três linhas de investigação para apurar as mortes: uma possível vingança pela morte do soldado Valterberg Chaves Serpa, 32, também assassinado no dia 11; retaliação à execução dos delatores de Carlos Alexandre Alberto da Silva, 38, preso no dia 10/11 e ainda vingança pela morte de Lindemberg Vieira Dias, também no dia 11/11, um dos líderes do crime na região.

Três das 11 pessoas mortas na chacina da Grande Messejana tinham passagem pela polícia. Os delitos, porém, não tinham relação com tráfico de drogas ou violência letal, mas ameaça, crime de trânsito e pensão alimentícia.

Conforme relatos de testemunhas, as vítimas eram tiradas de dentro das residências e executadas em via pública.