Cuba: um país rico em saúde

Entre os novos destaques da saúde cubana está a erradicação completa da transmissão do HIV de mãe para filho. Há também o avanço em tratamentos e produção de fármacos para doenças que nem sempre são foco da indústria farmacêutica internacional.

Por Rafael da Silva Barbosa*, no Brasil Debate

Saúde Pública em Cuba - Foto: Granma

Mergulhado no senso comum, ao se falar em Cuba, alguns mitos e várias falácias são exaltadas, dentre elas, a mais forte é: “com Fidel, Cuba se transformou em um país miserável”. Entretanto, pouco se fala da história cubana antes da Revolução.

Para os Estados Unidos, antes da libertação do povo cubano pelos revolucionários, Cuba era literalmente tratada e vendida como um verdadeiro cassino a serviço da elite estadunidense. Era uma ilha “rica” em ostentação do pior tipo de produto capitalista (jogo de azar e prostituição), com grande oferta de bens de consumo acessíveis a uma minoria e um marketing que camuflava a miséria humana que se vivia na ilha.

Foi exatamente por meio de Revolução Cubana que a ilha tornou-se verdadeiramente rica, mas não em termos capitalistas, e, sim, em termos humanos. Dentre suas maiores riquezas está a saúde cubana. Segundo os dados do Banco Mundial, com uma população de 11,3 milhões de habitantes (2015); PIB de US$ 226 bilhões (preços constantes 2011 – 2013); PIB per capita de US$ 19.950,25 (2013); e um embargo econômico imposto pelo Império norte-americano por mais de 50 anos, Cuba mostra-se muito à frente dos seus países vizinhos da América Central (Costa Rica, Guatemala, Honduras, Nicarágua e Panamá) e pareada com demais países do mundo, principalmente os europeus.

Ou seja, ao comparar a ilha socialista com países capitalistas com mesmas características geográficas, os indicadores de qualidade de vida mostram-se muito superiores. Por meio da tabela I, fica evidente o esforço do governo cubano em garantir acesso universal à saúde com qualidade aos cidadãos. O gasto total com saúde ultrapassa os dois dígitos e coloca-se como comparável ao dos países desenvolvidos. O financiamento do sistema de saúde é praticamente público, em torno dos 95,5%, seguindo o padrão dos países nórdicos.


Esse último aspecto deve ser ressaltado, pois a participação do setor privado na saúde condiciona limites claros ao acesso universal e com qualidade. Exemplo claro dos EUA, onde se gasta 17% do PIB em saúde (o maior nível de gasto do Mundo) e não se alcança desfechos satisfatórios quando confrontado ao grupo das economias avançadas, isto porque a participação privada é superior à pública.

Dessa forma, o gasto público cubano se traduz efetivamente em ampliação da capacidade instalada em saúde, o número de médicos por 1.000 mil habitantes é duas vezes maior do que nos países europeus e na América do Norte.



A mortalidade infantil, umas das principais variáveis proxy da qualidade dos sistemas de saúde, está entre as mais baixas do planeta, inclusive quando comparada ao nível estadunidense. A expectativa de vida é superior ao dos países da América Latina, novamente, também, melhor do que a dos EUA, e próxima dos países europeus.


Dentre os novos destaques da saúde cubana, a erradicação completa da transmissão do HIV de mãe para filho é com certeza a demonstração clara do grau de desenvolvimento do sistema de saúde, sendo o primeiro país das Américas a alcançar tal feito. Isso sem mencionar o avanço em pesquisas e produção de tratamentos e fármacos em morbidades e mortalidades que nem sempre são foco da indústria farmacêutica internacional.

O sistema educacional cubano, outra grande riqueza do país, tem efeito sinérgico com a saúde. Por meio dele são possíveis grandes campanhas de promoção da saúde voltada à população, contribuindo estruturalmente para a formação da mão de obra com altíssimo nível de qualidade educacional e saudável.

Essas são as verdadeiras riquezas que todo país deve perseguir.

Hasta La Victoria, Siempre!