União Europeia irá assinar primeiro acordo bilateral com Cuba

O Conselho de Ministros da União Europeia (UE) decidiu nesta terça-feira (06) revogar a "posição comum" imposta a Cuba em 1996. Essa política restringia qualquer negociação com o governo cubano enquanto não houvesse o que o bloco chamava de “avanços” no campo dos direitos humanos dentro da ilha.

Mulher cubana com criança diante de grafite em uma rua de Havana

Além disso, também em dezembro, será assinado o primeiro acordo bilateral com Cuba. Segundo o Conselho de Ministros, esse pacto será submetido ao Parlamento Europeu. O texto prevê o fortalecimento do diálogo político, a melhora da cooperação bilateral e o desenvolvimento de ações conjuntas em fóruns multilaterais.

Este acordo só entra em vigor, no entanto, depois que Havana e Bruxelas forem notificados da aplicação. Dois meses depois dessa notificação, inicia-se a aplicação provisória do acordo. A implementação total, no entanto, acontecerá quando os parlamentos nacionais dos países da UE derem sinal verde, já que se trata de um tratado de natureza "mista" e algumas de suas partes devem ser aprovadas diretamente pelos governos.

As negociações do acordo começaram em abril de 2014 e terminaram em março deste ano, após sete encontros. No dia 11 de março, a chefe de Política Externa do bloco, a italiana Federica Mogherini, esteve em Havana para participar da sétima reunião oficial de diálogo político entre UE e Cuba, durante a qual foi firmado o pacto negociado.

O governo cubano, por sua vez, recebeu "com satisfação" a decisão da UE de superar a posição comum desse bloco para a ilha e reconheceu "o alto significado" que representa revogar definitivamente esta política restritiva, afirmou o vice-chanceler cubano, Abelardo Moreno.

"Cuba acolhe com satisfação as decisões adotadas pelo Conselho de Assuntos Econômicos e Financeiros da UE que aconteceu no dia 6 de dezembro de 2016 em Bruxelas, com as quais o bloco comunitário concluiu o processo de consultas e decisões internas concernentes ao acordo de diálogo político e cooperação", disse o vice-chanceler.

Em comunicado publicado nesta terça no site oficial da Chancelaria cubana, Moreno afirmou que a ilha "reconhece de maneira particular, o alto significado político da decisão que permite revogar definitivamente a chamada 'posição comum' de 1996".

A adoção da "posição comum" naquela época "foi firmemente rejeitada" por Cuba, "devido a seu caráter intervencionista, seletivo e discriminatório", lembrou o vice-ministro. Segundo Moreno, essa "política unilateral tinha sido superada 'de facto', como evidencia a evolução positiva que tiveram nos últimos anos os vínculos de Cuba com a União Europeia e seus Estados-membros".

"Para Cuba, era imprescindível que tal vestígio do passado, contraditório com as bases de igualdade, reciprocidade e respeito, sobre as quais Cuba desenvolve suas relações com a União Europeia desde 2008, fosse abolido completamente", concluiu.