Após perder filho, Tati Quebra Barraco lida com preconceito e ódio

Neste domingo (11), a cantora Tati Quebra Barraco realizava um show, em uma boate da noite belo-horizontina, quando foi surpreendida com a notícia de que seu filho Yuri, 19 anos, havia morrido em um suposto conflito armado com policiais da UPP, na comunidade da Cidade de Deus (RJ).

Por Laís Gouveia

Após perder o filho, Tati enfrenta piadas, ódio e preconceito - Reprodução/ Facebook

Segundo informações do Jornal "Extra", policiais confirmaram que houve tiroteio e duas pessoas foram atingidas, mas afirmam que houve confronto com traficantes de drogas. De acordo com eles, um grupo de PMs que fazia patrulhamento de rotina foi surpreendido por criminosos armados na Rua Quintanilhas. 

A família se recusa em aceitar a versão dos policiais. A Divisão de Homicídio do Rio está investigando o caso.

Nas redes sociais, Tati postou uma mensagem comentando a respeito da dificuldade da perda. "Meu filho tá sendo difícil de acreditar viu? Como deve ser pra você receber uma mensagem, ligação em meio ao show dizendo que seu filho está morto? Não queira passar nunca pelo o que estou passando", lamentou.

Mensagens de ódio

Logo após a postagem, a página da cantora foi bombardeada com mensagens de ódio que a condenava como mãe e elogiava a postura da Policia Militar, passando por cima de qualquer limite ético ou respeito ao momento de luto que Tati enfrenta.

"Não adianta de qualquer forma eu esculacho! Fama de putona só porquê como o seu macho"…é Senhora "Tati Quebra Barraco, você não perdeu seu filho para a PM! Perdeu para si mesma, condenou um internauta que usava a foto do Sérgio Moro em sua foto de perfil.

Já um outro internauta aproveitou a oportunidade para dizer que Tati não sabia ser mãe. "A culpa é totalmente sua Tati, você não deu educação pra seu filho, você não fez seu papel de mãe corretamente, ainda diz que foi a Polícia Militar que tirou seu filho, quem tirou seu filho foi você mesma, você não ensinou os bons costumes, a ética, a moral", declarou com muito conhecimento de causa.

UNE presta solidariedade à Tati

A União Nacional dos Estudantes (UNE) postou em sua página uma mensagem de apoio a cantora e também reivindicando o fim da truculência da Polícia Militar. O resultado foi uma avalanche de ofensas. "1.300 comentários no post. Todos com mensagens de ódio. Moderei todos os comentários. Dos 1.300 comentários, só 15 negros. Todos eles falando que "bem feito" ou "menos um" e recebendo aplausos de pessoas que dizem que "racismo não existe", "não existe genocídio negro", e claro, o famoso "vitimismo". Todas essas pessoas? Brancas, óbvio.1280 brancos dizendo que racismo não existe e que a Polícia deve ser saudada. Afinal, bandido bom é bandido morto, aborto é crime e Bolsonaro presidente 2018", desabafou  Hilário Júnior, morerador das páginas da UNE nas redes sociais. 

MBL faz piada com Tati 

O Movimento Brasil Live (MBL) utilizou-se do calor do debate para promover o oportunismo de praxe. Em uma postagem nas redes sociais, o grupo fez coro com Rodrigo Constantino e ironizou a situação. "Fim do Esquenta [programa apresentado por Regina Casé nas tardes de domingo, na Rede Glob] pode ter livrado público de entrevista dramática e apelativa com Tati Quebra Barraco", disse o grupo de extrema direita, em uma postagem no Facebook. 

Rodrigo Cosntantino vai mais adiante, sempre munido de muita compaixão. "O melhor da notícia do fim do “Esquenta” é o timing. Já pensou aturar a Regina Casé entrevistando a Tati Quebra Barraco e ambas chorando pela morte do filho marginal da funkeira, enquanto acusam a polícia pelo “crime”? Mas é cedo para festejar. Na falta de Casé, talvez uma Fátima Bernardes desesperada por audiência possa ocupar o vazio deixado. A Globo não vai perder essa oportunidade" . 

Enquanto a Lei do Talião segue firme e forte no Brasil, julgando, apontando o dedo na cara e idolatrando Bolsonaros, uma mãe enterra seu filho, assim como tantas outras que sofrem pela extermínio da juventude periférica no Brasil.