Bienal da UNE encerra encontro com ato pelas ruas de Fortaleza

Mais de 5 mil estudantes, de todos os estados brasileiros, participaram da décima edição da Bienal da UNE, que teve encerramento na noite desta quarta-feira (01), com a realização da "Culturata", a grande passeata cultural, com toda a diversidade artística, política, social e cidadã da Bienal.

Bienal da UNE encerra encontro com ato pelas ruas de Fortaleza

Os milhares de estudantes partiram em passeata desde o Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura, local que sediou as principais atividades da Bienal, iniciadas no último domingo, incluindo dezenas de shows, peças de teatro, exposições, debates e outras atividades culturais e políticas, com a presença de grandes nomes do cenário cearense e nacional, como a presidente da UNE, Carina Vitral, o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad, o jornalista Franklin Martins, do Instituto Lula, o dramaturgo Zé Celso Martinez Correa, o ex-governador do Ceará Ciro Gomes, o governador do Piauí, Wellington Dias, os senadores Inácio Arruda e Vanessa Grazziotin, os cantores e compositores Gaby Amarantos, Emicida, Erivan e o grupo Selvagens à Procura de Lei, além de centenas de jovens artistas participantes das mostras selecionadas da Bienal em diversas linguagens.

A "culturata" de encerramento da Bienal passou pelas avenidas Pessoa Anta e Almirante Barroso, chegando até a estátua de Iracema guardiã, de Zenon Barreto, na Praia de Iracema, ao lado do aterro. Ao longo do percurso os estudantes cantaram e gritaram palavras de ordem como o "Fora Temer" e em defesa da educação, dos direitos previdenciários e trabalhistas, dos recursos públicos para saúde, educação e outros direitos sociais, contra o golpe e o desmonte do Estado pelo projeto neoliberal e conservador do grupo que atualmente ocupa o Governo Federal.

A "culturata" é um momento tradicional de encerramento de cada edição da Bienal da UNE, destacando toda a diversidade artística e de ideias no evento, com representantes de todos os estados brasileiros e dos mais diversos grupos, expressões, propostas, manifestações artísticas e políticas. A atividade foi também uma forma de chamar ainda mais a atenção da cidade para a presença de tantos visitantes e para a necessidade de reflexões sobre o atual momento do País. É ainda um agradecimento a Fortaleza, pela acolhida à Bienal da UNE.

Maracatus e a polêmica do negrume

Os participantes da "culturata" contaram com as apresentações, em um trio elétrico, da banda Dona Zefinha e do Maracatu Solar, integrado pelo cantor e compositor Pingo de Fortaleza, com a Bienal valorizando a cultura e a arte do Ceará. Em sua apresentação, Pingo dedicou a música "Maculelê" ao grupo baiano Kizomba, do movimento negro, fazendo referência à polêmica despertada durante a Bienal por alguns integrantes do grupo que criticaram o maracatu cearense pelo uso do negrume (pintura negra no rosto). O caso despertou debates sobre identidade, cultura negro e respeito à diversidade cultural. "Mal entendidos são feitos para serem resolvidos", afirmou Pingo de Fortaleza, um dos participantes de destaque da história dos maracatus cearenses.

Estudantes visitaram a periferia de Fortaleza

A Bienal da UNE também contou, na terça-feira, o projeto "#LadoC", que mostrou aos jovens uma Fortaleza bem além dos roteiros turísticos, promovendo 10 circuitos de visitas a diferentes bairros da capital cearense, com destaque para regiões de periferia, distantes do circuito mais habitual dos visitantes da "terra do sol".

Os estudantes seguiram em 10 roteiros diferentes, saindo do Centro Dragão do Mar e partindo para diversos pontos da multiplicidade social e cultural de Fortaleza. Os circuitos incluíram a Região Metropolitana, percorrendo do Centro à periferia, do urbano ao rural, de comunidades indígenas a coletivos de hip-hop. O "#LadoC da Bienal da UNE" promoveu a circulação e o diálogo dos estudantes brasileiros com a diversidade das expressões culturais cearenses.

A programação de cada circuito do Lado C foi desenvolvida com a participação de articuladores locais, vinculados a projetos sociais e culturais, envolvendo manifestações comunitárias, Mestres e Mestras da cultura popular, coletivos de arte, Pontos de Cultura, Bancos Comunitários, entre outros.

“Nesta edição, no espírito da ‘Feira da Reinvenção’, a ideia foi mostrar uma Fortaleza que existe, vive e respira cultura e cidadania, para além dos tradicionais roteiros turísticos. As mais belas praias e belezas naturais da capital cearense estão nas favelas e nas periferias da cidade, por exemplo. E é nessas comunidades que o povo vive, sonha, reinventa o seu cotidiano e constrói alternativas inspiradoras para o futuro”, destacou o coordenador da atividade, Alexandre Santini.

Mais sobre a Bienal da UNE

A Bienal da UNE, o maior festival estudantil da América Latina, chega à sua 10ª edição e celebra seus quase 20 anos de existência com uma verdadeira ocupação cultural de Fortaleza. Entre quarta-feira, 29/1, e domingo, 1/2, mais de 5 mil estudantes vindos de todas as regiões do País vão se integrar ao povo cearense e fazer do Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura e daPraia de Iracema a referência da produção artística, dos debates e do pensamento da juventude brasileira.

A 10ª Bienal da UNE tem como tema “Feira da Reinvenção”, em alusão ao potencial criativo do povo brasileiro e à possibilidade de reinvenção de linguagens, estéticas, formas de luta, de resistência e de arte, a partir da imagem das feiras populares. A 10ªBienal também dará início às festividades dos 80 anos da UNE, comemorados no dia 11 de agosto.

A programação da Bienal apresenta uma extensa lista de convidados, entre pensadores, artistas e ativistas, com o objetivo de reunir as diversas linguagens e expressões culturais, valorizar a identidade nacional e conectar as produções estudantis de todas as regiões do País.

“Para a UNE, é uma honra poder ser recebida em um estado que reserva tanta história, tanta luta e uma cultura tão rica, quanto o Ceará. Acredito que as trocas que serão possibilitadas nesta edição, com o encontro de gente de todo o Brasil, vão criar um ambiente bem diverso e instigante, de reinvenção e muita criatividade”, afirma a presidenta da UNE, Carina Vitral, que já está em Fortaleza, participando de atividades preparatórias para a Bienal.

Já passaram pelas diversas edições da Bienal até aqui artistas como Gilberto Gil, Oscar Niemeyer, Ariano Suassuna, Abdias Nascimento, Alceu Valença, Ziraldo, Tom Zé, Martinho da Vila, Augusto Boal, Beth Carvalho, Dona Ivone Lara, Lenine, Naná Vasconcelos, Criolo, Pitty e muitos outros personagens.