Macri é acusado de tráfico de influência para beneficiar família
Um procurador argentino acusou nesta quarta-feira (1) o presidente Mauricio Macri de uma série de crimes, inclusive tráfico de influência e formação de quadrilha, relacionados a contratos entre o Estado e a empresa aérea colombiana Avianca depois que esta comprou em 2016 a companhia aérea Macair Jato, propriedade do conglomerado econômico liderado pelo pai do presidente, o empresário Franco Macri.
Publicado 02/03/2017 12:27
Jorge Di Lello, titular da Procuradoria Criminal e Correcional Federal número 1, pediu uma investigação contra Macri, seu pai, funcionários do governo, membros da Avianca e empresários do setor aeronáutico por supostos crimes na concessão de rotas aéreas na Argentina.
Este é o segundo caso envolvendo o presidente argentino, seu pai e supostas irregularidades na concessão de benefícios do Estado a empresas da família Macri a ganhar evidência em poucas semanas. No dia 20 de janeiro, um juiz autorizou a abertura de uma investigação sobre o papel de Mauricio Macri em um acordo para reduzir uma dívida de uma empresa de seu pai, a Correo Argentino, que operou o serviço oficial de correios do país entre 1997 e 2003.
O procurador Di Lello impulsionou a atual ação penal "pela possível comissão dos crimes de formação de quadrilha, negociações incompatíveis, defraudação contra a administração pública e tráfico de influência no marco de supostas irregularidades vinculadas à exploração do espaço aéreo argentino".
O procurador pede ao juiz federal Sergio Torres que esclareça se o governo buscou beneficiar a Avianca por meio da outorgação de rotas no marco do processo de abertura do mercado aéreo iniciado pelo Poder Executivo no final do ano passado.
"Na segunda-feira passada (13), a A.N.A.C. (Administração Nacional de Aviação Civil), oficializou a entrega de rotas aéreas a 'Avian Linhas Aéreas', através dos pareceres da Junta Assessora do Transporte Aéreo da Audiência Pública número 218, autorizando a concessão por 15 anos de todas as rotas solicitadas, nas quais atualmente opera a [empresa estatal] Aerolíneas Argentinas", afirma o texto.
Após a acusação, o governo da Argentina negou a existência de um conflito de interesses na licitação de rotas para a Avianca. "Não há nenhum tipo de conflito de interesses. O que há é a vocação absoluta de conectar o país, multiplicar os voos e que dispute quem quiser disputar", afirmou o chefe de gabinete de Macri, Marcos Peña, em entrevista coletiva.
O expediente, que foi iniciado por causa de uma denúncia dos parlamentares Rodolfo Tailhade e Juan Cabandié, atinge também o secretário-geral da presidência da Nação Fernando De Andreis e o ministro de Transporte, Guillermo Dietrich, entre outros.
Por parte da Avian, Di Lello pede uma investigação do proprietário do grupo de empresas que conforma a linha aérea, Germán Efromovich, do diretor-executivo de Avian Linhas Aéreas (matriz da Avianca), Carlos Benjamín Colunga López, e do titular de Unidos Air S.A., Diego Martín Colunga López.
Na denúncia, os litigantes apontam como outra conduta a investigar o fato de "o governo nacional deixar de utilizar a frota de aviões presidenciais – que leva o presidente e funcionários de primeira linha às viagens – por 'serviços de empresas privadas'", segundo detalhou a Procuradoria.