Equador pede a Reino Unido que conceda salvo-conduto a Julian Assange

O chanceler equatoriano Guillaume Long pediu nesta sexta-feira (19/05) que ao governo do Reino Unido que conceda um "salvo-conduto" ao fundador do WikiLeaks, Julian Assange, já que a Promotoria da Suécia decidiu encerrar a investigação preliminar aberta há sete anos contra ele por suspeita de estupro.

guillaume long - Efe

Assange está refugiado na embaixada do Equador em Londres há cinco anos. Mesmo com a investigação encerrada, o Reino Unido diz que ele será preso se sair da representação diplomática por pendências com a Justiça britânica.

Segundo o chanceler equatoriano, a ordem de prisão contra o australiano na Europa perdeu força legal. Portanto, não há nenhuma razão para impedir que ele possa sair da embaixada na capital britânica. "Evidentemente é uma notícia muito positiva do nosso ponto de vista, do ponto de vista desse caso, de todas as partes envolvidas. Falta agora que o Reino Unido resolva agora um tema que é muito menor comparado à magnitude do tema que havia na Suécia", disse.

"Agora a bola está no campo do Reino Unido, fizemos um pedido para que eles deixem o senhor Assange sair. Que ele saia e esse problema seja resolvido. Certamente, aqui na Chancelaria equatoriana, estaremos fazendo todas as gestões diplomáticas para que assim seja", afirmou o diplomata.

"É um tema de liberdade condicional que eles podem resolver, acredito, de forma imediata. Uma vez que isso seja resolvido pelo Reino Unido, Assange poderá enfim desfrutar de seu asilo e viajar para o Equador", disse o chanceler.

Long explicou que o asilo, concedido em 2012 pelo temor de uma prisão e uma extradição motivada por fatores políticos relacionados com os vazamentos do WikiLeaks, deve ser em um "país" e não em uma embaixada.

"Quase cinco anos na embaixada equatoriana em Londres, sem acusações. Isso é uma violação claríssima do devido processo e é do que as Nações Unidas chamaram de detenção arbitrária. Portanto, é bom que a Promotoria sueca não tenha sido acusado porque encerra esse assunto", argumentou o chanceler.

No entanto, Long manifestou sua "indignação" pela demora na hora de fechar o caso. "É lamentável que se tenha demorado quatro anos, mais de quatro anos, para realizar o depoimento para o qual sempre oferecemos nossa embaixada. Depois, uns seis meses mais para decidir se iam ou não fazer acusações. Verdadeiramente, essa demora é desnecessária, injusta, viola os direitos humanos de Assange", criticou.

Novo governo do Equador

Em uma previsão sobre o impacto que terá a próxima mudança de governo sobre a política externa do Equador de forma geral, e sobre o caso Assange em particular, Long lembrou que o presidente eleito do país, Lenín Moreno, foi claro. "Ele deu várias declarações públicas dizendo que o asilo de Julian Assange está confirmado. Então, eu não vejo nenhuma mudança nesse sentido", indicou.

Em um plano mais geral, o diplomata se disse convencido que a política externa de Moreno continuará sendo soberana e que busca uma inserção estratégia do Equador no mundo. "Buscaremos sempre o que buscamos nesse ano: diversificação de nossas relações internacionais".

Uma diversificação que inclui, como eixos centrais, o apoio à integral regional latino-americana.

Long foi mais cauteloso ao responder sobre a Venezuela. "Eu acredito que me pronunciei sobre o que eu vejo como uma continuidade por parte do governo que vai entrar, mas os temas centrais da política exterior devem ser respondidos pelo próximo chanceler", concluiu.