México vive eleições regionais com clima de presidenciais

Os próximos dias serão importantíssimos para o futuro político do México. A reta final da campanha eleitoral que definirá novas autoridades de quatro estados, e esses resultados devem marcar o cenário com o qual iniciará a corrida presidencial, prevista para chegar às urnas em julho de 2018.

Por Victor Farinelli

Delfina Gómez e Lopez Obrador - Divulgação de campanha

A batalha mais importante é a que se dará pelo cargo de governador do Estado do México, o mais populoso do país e que inclui a sua capital – embora o governador não tenha poderes sobre ela, já que se trata do Distrito Federal, ele governa somente as cidades arredores.

A disputa que há poucas semanas parecia definida em favor do candidato do PRI, Alfredo del Mazo – primo do atual presidente do país, Enrique Peña Nieto – se tornou mais imprevisível no começo de maio, quando a candidata de esquerda Delfina Gómez, do partido Morena, teve uma alça importante nas pesquisas e apareceu como opção viável para vencer a eleição.

As pesquisas mais recentes marcam um empate técnico entre os dois candidatos, com resultados variando de acordo com cada instituto – a maioria coloca del Mazo na frente, mas alguns já apontam uma liderança de Gómez, apontando percentuais entre 25% e 30%, mas em todos os casos as vantagens nunca são superiores e 4%, sempre dentro da margem de erro.

Uma possível vitória da esquerda daria um fortíssimo impulso ao Morena, principal força política progressista do país, para as eleições presidenciais, fortalecendo seu candidato símbolo, o sociólogo Andrés Manuel López Obrador, que pretende chegar à presidência em sua terceira tentativa.

Por sua parte, o PRI tem dois desafios na disputa. O primeiro é o de manter uma hegemonia até o quase centenário: o partido elegeu todos os governadores do Estado do México desde Carlos Riva Palacio, em 1925, e se vence no dia 4 garantirá um novo mandato até 2023, quando chegará aos 98 anos de poder sem interrupções.

O segundo ponto, mais que um desafio, é um estímulo. A vitória do seu primo Alfredo del Mazo no Estado com maior número de eleitores no país poderia dar algum fôlego a Enrique Peña Nieto na reta final do seu mandato, e quem sabe permitir que o seu hoje questionado governo termine seus dias com melhores índices de aprovação. Atualmente, o presidente mexicano possui 17% de avaliação positiva, segundo as pesquisas mais recentes, e uma rejeição de 77%.

Uma reviravolta na percepção dos mexicanos sobre o governo de Peña Nieto também poderia modificar o panorama para as eleições presidenciais, onde a centro-direita do PRI aparece em desvantagem diante dos candidatos da frente ampla socialista Morena, López Obrador, e da direita dura, representada pelo PAN, cuja candidata, ao que tudo indica, será a advogada Margarita Zavala, esposa do ex-presidente Felipe Calderón (antecessor de Peña Nieto). O favorito para ser o candidato governista nessa disputa é o atual secretário de governo, Miguel Ángel Osorio.

Contudo, essas candidaturas também deverão por um processo de eleições primárias antes de serem oficializadas, e estas por sua vez funcionam como um termômetro sobre quais coalizões convocam mais simpatias. Em pesquisa do jornal El Universal, publicada no mês de abril, se perguntou qual coalizão representa mais o sentimento político dos mexicanos hoje: 33% preferiram a frente Morena, 27% escolheram o PAN e somente 13% disseram que gostam mais do PRI.

Além do Estado do México, o dia 4 de junho também terá eleições em outros três importantes Estados mexicanos: Veracruz, Nayarit e Coahuila. Porém, somente os dois últimos, governados pelo PRI, terão eleições de governadores. Em Veracruz – terceiro Estado mais populoso do país, atrás apenas do Estado do México e do Distrito Federal, e cujo governador é do PAN – haverá apenas eleições das autoridades municipais.