Brasileiro preso na Venezuela confessa ter planejado prisão

No final do ao passado, a imprensa brasileira deu destaque ao brasileiro Jonatan Moisés Diniz, 31 anos, que foi preso na Venezuela logo após o Natal e permaneceu 11 dias atrás das grades. Muito se falou sobre o autoritarismo do governo venezuelano e o caso quase criou uma rusga diplomática entre os dois países. Agora, nesta quarta-feira (10), ele usou sua conta pessoal no Facebook para publicar um vídeo onde confessa ter premeditado a prisão para chamar atenção.

jonatan diniz - Arquivo pessoal

Jonatan gravou um vídeo de pouco mais de cinco minutos para contar o que o levou a planejar a prisão na Venezuela. Ele é vice-presidente da ONG recém fundada Time to Change the Earth (Hora de mudar a Terra), cujo objetivo, segundo ele é ajudar crianças que estão “morrendo de fome”.

De início ele discorda que chamem o governo de Nicolás Maduro de ditadura porque este é “um apelido dado pela oposição”, e em seguida conta que sua viagem à Venezuela foi planejada justamente para provocar esta prisão e chamar a atenção da imprensa. “Se eu fui para lá e fui preso é porque eu incitei ser preso. Foi porque eu planejei ir para a Venezuela e chamar a atenção e ser preso. Porque eu sozinho, com o dinheiro que eu tinha, com o dinheiro dos meus amigos, não ia dar para salvar muita gente”.

Ele não foi preso por participar de protestos contra o governo, tanto que a prisão foi feita num momento de descontração. Segundo Jonatan, ele estava com amigos e bebia cerveja quando chegou um policial e o levou para o Serviço Bolivariano de Inteligência Nacional. “Eu enfrentei pessoas poderosas do país e me colocaram na cadeia. Mas eu fui para cadeia porque eu quis ir para a cadeia justamente para ter essa repercussão. Para vocês prestarem atenção que tem criança morrendo de fome lá. Não fizeram nada de mal comigo e o plano deu absolutamente certo”, confessa Jonatan.

Logo que ele foi preso, algumas celebridades, além de autoridades brasileiras, usaram o caso para denunciar a “ditadura” bolivariana e violações de direitos humanos que supostamente estariam acontecendo na Venezuela. Mas como o próprio Jonatan confessa, além de ter incitado um crime para ser levado preso, ele não sofreu nenhum tipo de maus tratos. Ele encerra o vídeo dizendo que agora com a repercussão, pretende arrecadar dinheiro para a ONG e “arriscaria a vida novamente” para “salvar crianças”. “Se me colocarem na cadeia de novo, façam protesto de novo para me tirar, conto com vocês”.

O ativista criticou a imprensa brasileira porque ao entrevista-lo só se interessou pela prisão e em nenhum momento perguntou sobre a ONG ou sobre a “missão” dele. “Tudo que eu postei foi sempre sobre as crianças e em nenhum momento a imprensa me perguntou alguma coisa sobre isso. Só queriam saber sobre a prisão”.

De acordo com a presidenta da ONG, Veridiana Maraschin, Jonantan decidiu ir para a Venezuela por inciativa própria, uma vez que a entidade filantrópica ainda não estava estruturada e sequer tinha uma conta bancária para receber recursos. As poucas ações que o gaúcho conseguiu fazer na Venezuela foram financiadas com por ele mesmo, enquanto as passagens de Los Angeles (onde vive com a família) para Caracas, foram bancadas pela mãe.

Joanatan se diz motivado pela vontade de salvar crianças que “morrem de fome na Venezuela”, mas não apresenta dados sobre isso. De acordo com a Unicef, cinco a cada seis crianças brasileiras com menos de dois anos não são alimentadas com comida suficientemente nutritiva para a idade.

A ONG de Jonantan ainda não está estruturada, não tem cadastro na Receita Federal, nem conta bancária. De acordo com Veridiana, com a prisão do colega o processo de regularização foi colocado em segundo plano.

Assista ao vídeo: