Brasil é o país que mais mata travestis e transexuais

No dia 29, a ANTRA (Associação Nacional de Travestis e Transexuais) divulgou o Mapa dos Assassinatos de Travestis e Transexuais no Brasil em 2017. A ideia surgiu em 2016, quando a Associação discutiu a necessidade de fazer um diagnóstico para ter um instrumento de denúncia da violência e da violação dos Direitos Humanos de uma parcela da população extremamente discriminada no Brasil.

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A Associação faz uma referência à ONG Transgender Europe que afirma que o Brasil é o pior país para ser LGBTI, país onde uma pessoa Trans é assassinada a cada 48h. Para a entidade, as mortes ocorrem “pela condição de serem quem são”.

Segundo o relatório, em 2017, ocorreram 179 assassinatos de pessoas Trans, sendo 169 Travestis e Mulheres Transexuais e 10 Homens Trans. Desses, apenas 18 casos (10%) tiveram os suspeitos presos. Dos processos concluídos, 96% foram arquivados e apenas 4% foram denunciados à Justiça.

Segundo dados do Grupo Gay da Bahia – o primeiro a contabilizar os crimes -, em 2008 foram assassinadas 58 pessoas trans. Em 2009, 68 e em 2010, 99. Em 2012, foram mortas 128 pessoas, mais do que o dobro da primeira tabulação, e em 2014, 134. Em comparação a 2016 (144 mortes), 2017 apresentou um crescimento de 15% no número de assassinatos. Se comparado a 2008, 2017 apresentou um aumento de mais de 300%.

É uma hedionda aspiral ascendente que não para de crescer, acrescida dos requintes de crueldade com que é praticada, pois na maioria das mortes há agressão física, tortura, espancamento e facadas. O relatório aponta que em "85% dos assassinatos houve uso excessivo de violência, com esquartejamentos e afogamentos".

O estado de São Paulo aparece em terceiro lugar no número de assassinatos, junto com o Ceará, com 16 casos. Minas Gerais está em primeiro, com 20 assassinatos, seguido da Bahia, com 17 casos. A idade média das vítimas dos assassinatos é de 27,7 anos.

Numa tabulação que compara o número de assassinatos com a população do estado, a Paraíba lidera com 2,5 mortes por milhão de habitantes. São Paulo está em 19°, com 0,35/milhão, à frente apenas do Piauí (0,31/milhão) e do Maranhão e Rio Grande do Norte (0,28/milhão).

A ANTRA aponta que as principais motivações para os atos de violência são o desprezo e o “o sentimento de perda do controle e da propriedade sobre seus corpos – que desafiam a norma, comuns em sociedades marcadas pela associação de papéis discriminatórios ao feminino”.

Confira a íntegra do Mapa.