Trump demite o secretário de Estado Rex Tillerson 

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, demitiu nessa terça-feira (13) o secretário de Estado Rex Tillerson, colocando em seu lugar o atual diretor da CIA, Mike Pompeo. O anúncio já era esperado, uma vez que o presidente e secretário divergiam sobre diversos assuntos relacionados a política internacional. Pompeo apoia a doutrina "America Primeiro" de Trump e é crítico do acordo com o Irã e das negociações com a Coreia Popular 

Tillerson e Trump

Uma nova crise para a Administração Trump. O presidente demitiu Tillerson, logo após este voltar de um giro pela África. Tillerson será substituído pelo diretor da CIA, Mike Pompeo. No lugar de Pompeo entrará Gina Haspel, a primeira mulher a liderar a CIA em 70 anos de história. "Mike Pompeo vai ser o nosso novo secretário de Estado. Vai fazer um trabalho fantástico! Obrigado ao Rex Tillerson pelo seu serviço! A Gina Haspel vai ser a nova diretora da CIA, e a primeira mulher a ser escolhida. Parabéns a todos!" twittou o presidente norte-americano. 

Segundo o subsecretário de Estado Steve Goldstein, Tillerson não teria falado com Trump e não saberia a razão pelo qual foi demitido. "O secretário não falou com o presidente esta manhã e não tem conhecimento do motivo, mas ele está grato pela oportunidade de servir e ainda acredita piamente que o serviço público é uma vocação nobre e não se arrepende de nada", declarou.

A demissão já era esperada, só não se sabia se Tillerson se demitiria ou seria demitido. Desde que entrou no cargo, o ex-dirigente da petroleira Exxon já começou a se desentender com Trump, e ambos divergiram com frequência sobre vários tópicos da política externa dos EUA, como o acordo nuclear com o Irã (do qual Trump quer sair, enquanto Tillerson tentou salvar), a guerra na Síria, a melhor estratégia quanto a Coreia Popular, o compromisso com o Acordo de Paris (relativo as questões climáticas) e até mesmo as menifestações da extrema-direita em Charlottesville. 


Mike Pompeo, diretor da CIA e provável futuro secretário de Estado por indicação de Trump 

No geral, as ideias de Rex Tillerson estão muito mais em linha com a tradição das últimas décadas da política externa norte-americana (ligadas ao famoso establishment), e por isso mais distantes do radicalismo e agressividade de Trump ao querer romper com a situação vigente, promessa inclusive de sua campanha.

A má relação ficou evidente quando em julho vazou a informação de que, depois de um desentendimento com o presidente, Tillerson, desesperado, disse a sua equipe que ele era um "estúpido”. Uma afirmação que nas reiteradas entrevistas que deu nunca desmentiu. E que levaram Trump a humilhá-lo publicamente com o seguinte comentário: “Acho que é informação falsa; mas se ele disse isso, então suponho que teremos que comparar nossos coeficientes de inteligência. E posso garantir a vocês quem vai ganhar”.


As mudanças com a entrada de Pompeo 

Segundo o jornal The New York Times, Pompeo é um "entusiasma da política America First (Amercia Primeiro) de Trump e crítico do acordo nuclear com o Irã", além de ser um cético em relação as negociações com a Coreia Popular. É provável que se ele assumir mesmo o cargo, o com o Irã seja anulado (vontade de Trump mesmo que vá contra a União Europeia) e que ele tomará as rédeas do diálogo com Pyongyang. Inclsuive, como lembra o jornal, Pompeo foi encarregado de uma campanha secreta ativa contra o a Coreia Popular, a qual ele fez alusão em várias ocasiões. A questão agora é se esse esforço secreto – que se acredita incluir sabotagem da cadeia de abastecimento da Coréia Popular e ataques cibernéticos renovados em seus programas de mísseis e nucleares.

Pompeu é um defensor intenso das políticas de Trump, chegando inslucive a preocupar outros funcionários da CIA uma vez que ele seria muito político para o cargo de diretor da instituição. Nos seus comentários publicos- incluindo a declaração controversa de que Trump fez mais para restringir a Coreia Popular do que qualquer outro presidente- "Pompeo pareceu saber que deixaria de entregar o relatório diário de inteligência para espalhar a doutrina 'America First' de Trump pelo mundo", como conta o jornal norte-americano. 

O Times ainda lembra que "sua afinidade [de Trump] com o Pompeo cresceu à medida que os homens se uniram para realizar avisos e autorizações de inteligência para ações encobertas" e que "Pompeo resolverá um problema central na diplomacia americana do ano passado: quando o Sr. Tillerson falava, poucos pensaram que ele estava falando em nome do presidente".