Milhares de estudantes saem da aula e vão às ruas contra armas nos EUA

O protesto a nível nacional contra a violência relacionada com armas de fogo nos Estados Unidos já está em marcha. Milhares de alunos, professores e funcionários de várias escolas, liceus e universidades norte-americanas abandonaram as salas de aula esta quarta-feira (14) e durante 17 (em homenagem aos 17 mortos no último massacre) minutos protestaram contra a falta de compromisso das instituições políticas em legislar a favor da limitação da compra, venda e utilização de armas no país

Protesto de estudantes contra armas nos EUA - EPA/Michael Reynolds

Os alunos permaneceram 17 minutos fora das salas –um minuto para cada vítima do atirador Nikolas Cruz, ex-aluno da instituição de Parkland.

As greves estavam agendadas para a manhã e era se esperada uma adesão ainda maior, tendo em conta os diferentes fusos existentes nos EUA. Os organizadores dos protestos (os mesmos que coordenaram a Marcha das Mulheres em Washington, em janeiro de 2017) lançaram o apelo a “estudantes, professores, administradores escolares e pais” de todo o país. Mais de 3.000 atos foram programados em todo o país e pelo mundo, segundo os organizadores. A proposta é pedir que a classe política que restrinja o acesso às armas e proíba a venda de fuzis semiautomáticos, como o AR-15 usado por Cruz no ataque.

" Um mês após o tiroteio em Parkland, os estudantes de Georgetown, em Washington, estão participando da marcha nacional de escolas para exigir uma ação e dizer #CHEGA para a violência com armas".

A Viacom também aderiu ao protesto. A empresa detentora dos canais MTV, Nickelodeon, BET e Comedy Central, anunciou que estes irão suspender a sua programação várias vezes ao longo desta quarta-feira durante 17 minutos.

Segundo o New York Times, as manifestações não se limitam apenas às instalações das escolas. Em Washington, por exemplo, há registo de grandes ajuntamentos junto à Casa Branca e ao Capitólio.

Foram planejadas ações nas ruas, nas quadras e até em campos de futebol. Simpatizantes do movimento dizem que os protestos representam a percepção do poder e da influência dos adolescentes, criados em meio às redes sociais, e que cresceram em uma era de guerras intermináveis e ataques armados em massa.


"Protesto pacífico na escola Heirston".   


"Mensagem poderosa essa… os estudantes da escola Sunnyslope e de outras escolas no Valley param pela reforma da lei das armas para previnir a violência nas escolas por todo o páis". 

A organização aponta o dedo para a presidência e ao Congresso, a quem acusam de “inação” e pedem “mais do que tweets, reflexões e orações em resposta a praga de violência com armas” e exige uma “reforma legislativa federal” que responda a crise para a saúde pública existente. “Não estamos seguros na escola e não estamos seguros nas nossas cidades e vilas. O Congresso tem de tomar ações significativas para nos proteger”, escreve no seu website.


"Estudantes em Ypsilanti pedindo por "mudança das políticas". "Nós somos estudantes… nós somos a mudança". 

A atenção nacional atraída pelo massacre em Parkland, assim como a pressão exercida pelos estudantes, motivaram legisladores da Flórida a aprovar na semana passada medidas inéditas orientadas a pôr limites ao acesso às armas, que que é garantido pela segunda emenda da Constituição antiga, da época da Guerra Civil americana.

A lei de "segurança escolar" entrou em vigor na sexta-feira passada, ao ser assinada pelo governador da Flórida, Rick Scott. A lei 7026 eleva de 18 para 21 anos a idade mínima para comprar armas, proíbe os "bump stocks" (dispositivos que permitem armas semiautomáticas disparar rajadas) e destina US$ 400 milhões para melhorar a segurança nas escolas e tratamentos de saúde mental.

A resposta da administração Trump para mais um tiroteio mortífero em solo americano propõe dar armas aos próprios professores e funcionários escolares, ideia amplamente criticada pelo movimento de estudantes e outras entidades.