El Che

Se vivo, Ernesto Guevara de la Sierna teria completado 90 anos no dia 14 de junho de 2018.

Portal Vermelho

Claudio Machado*

Nascido na cidade de Rosário, província de Santa Fé, filho de Ernesto Guevara y Lynch e de Celia de la Serna y Llosa, foi médico, fotógrafo, guerrilheiro, político, jornalista e escritor.

Muito para além do romantismo que envolve sua figura épica, sua imagem quase cristianizada, cultuada por admiradores de diversos matizes ideológicos, indo até a desavisados de direita, está o papel que sua história e seu legado cumpriram e cumprem no despertar de jovens para a luta contra as injustiças impostas ao indivíduo e á sociedade pelo capitalismo, ainda que esse despertar resulte, inicialmente, em reações voluntaristas, mas que inúmeras vezes se constitui no grande primeiro passo de muitas e muitos futuros revolucionários e comunistas.

Che Guevara compreendeu e praticou como poucos o internacionalismo proletário, ideia proclamada por Marx y Engels no Manifesto do Partido Comunista, destacando o interesse comum dos proletários de todos os países na luta pela emancipação do jugo capitalista.

O legado da revolução cubana e de um de seus principais líderes teve um “encontro” com o Partido Comunista do Brasil, na fase de sua reorganização, no início da década de 60 do século passado, quando um grupo de 100 militantes, discordando do reformismo que o Comitê Central de então impunha ao Partido, reformando seu Estatuto e dele excluindo qualquer referência ao marxismo-leninismo e ao internacionalismo proletário. Uma das primeiras medidas tomadas por esse grupo foi criar uma editora, que foi denominada Edições Futuro, cujo primeiro título publicado, em novembro de 1961, foi Guerra de Guerrilhas, de Che Guevara, com prefácio de Mauricio Grabóis, que anos depois viria a ser o comandante da Guerrilha do Araguaia, organizada pelo PCdoB. 

O ex-presidente uruguaio e ex-guerrilheiro Pepe Mujica costuma dizer que é preciso viver como se pensa, pois, do contrário, corremos o risco de pensar como vivemos. Chê viveu assim até as últimas consequências, encontrando o destino final de sua vida no povoado de La Higuera, departamento de Santa Cruz, Bolívia, nas mãos de executor do exército boliviano, segundo a história, por ordem do ditador que governava o país naquele período, general Renê Barrientos.

A Cia teve papel fundamental na contenção e derrota da guerrilha liderada pelo comandante “Ramon”, nome adotado por Che Guevara na Bolívia. O exército boliviano era despreparado e sofria seguidos reveses dos guerrilheiros, até que os Estados Unidos enviaram um grupo de “boinas verdes”, especializados em combater insurreições para treinar um grupo especial de soldados do exército da Bolívia, que passou a ser denominado de “Rangers”.

Che foi capturado em 8 de outubro de 1967, após ser ferido em combate e ter tido sua carabina M-2 inutilizada por disparos inimigos.

No dia seguinte Ernesto Guevara de la Serna, El Che, foi assassinado covardemente com disparos do pescoço para baixo, para simular feridas de combate e não de execução de um prisioneiro sem o devido processo legal, contrariando as regras internacionais de tratamento dos presos em combate.

Não há lugar nesse planeta onde a figura de Che não seja conhecida e que não remeta a alguém que viveu como pensou e que até hoje influencia milhões de pessoas, que de uma forma ou de outra não se conformam com as grandes mazelas e profundas cicatrizes provocadas na humanidade pelo modo de produção capitalista que busca cada vez mais acumular riquezas para poucos, em detrimento ao bem estar de milhões de seres humanos.

Os inimigos de Che o criticam e tentam desconstruir sua imagem de homem coerente, íntegro, justo, divulgando as mais absurdas aleivosias a seu respeito; muitos de nós, da esquerda, com ou sem fundamento, também o criticamos por alguma discordância com seu pensamento e sua prática revolucionária. Mas todos nos silenciamos, como que reverenciando sua assombrosa coragem e determinação em renunciar a tudo e doar a vida pela causa da libertação dos oprimidos.

Vitor Jara compôs uma canção, que também foi gravada pelo grupo Inti-Illimani, que expressa a vida de um revolucionário guerrilheiro, mas, em especial, cabe como uma luva na jornada final de Ernesto Guevara de la Sierna, El Che:

 

El Aparecido


Abre sendas por los cerros,

deja su huella en el viento,

el aguila le da el vuelo,

y lo cobija el silencio.

 

Nunca se quejo de frío,

nunca se quejo del sueño,

el pobre siente su paso

y lo sigue como ciego.

 

correle, correle, correla

por aquí, por aquí, por alla

correle, correle, correla

correle que te van a matar

correle, correle, correla

 

su cabeza es rematada,

por cuervos con garra de oro,

como lo ha crucificado

la furia del poderoso.

 

Hijo de la rebeldía,

lo siguen veinte más veinte,

porque regala su vida

ellos le quieren dar muerte.

 

Correle, correle, correla

por aquí, por aquí, por alla

correle, correle, correla

correle que te van a matar

corele, correle, correla.

 

Hasta la victoria, Siempre, Comandante!