Futebol e globalização

Na Copa da Rússia, a estatística ilustra esta situação na forte presença, nas seleções, de jogadores que defendem suas cores nacionais mas, no dia a dia, jogam no exterior: 70% dos convocados estão nessa situação, e jogam fora de seus países.

Por José Carlos Ruy

Gabriel Jesus, ex-atacante do Palmeiras, no Manchester City

O futebol tornou-se, nas últimas décadas, uma forte demonstração da globalização. Os jogadores tornaram-se uma mercadoria cambiável, num autêntico comércio internacional que leva os mais talentosos para os times que, no mundo, controlam o dinheiro – quase sempre na Europa, mas também nos EUA e outros centros regionais do poder mundial.

Na Copa da Rússia, a estatística ilustra esta situação na forte presença, nas seleções, de jogadores que defendem suas cores nacionais mas, no dia a dia, jogam no exterior: 70% dos convocados estão nessa situação, e jogam fora de seus países. Foram 32 as seleções que iniciaram a Copa, com um total de 736 jogadores. Entre eles, 528 jogam em times estrangeiros, e 208 em times nacionais.
Inglaterra é a única seleção em que todos seus 23 convocados jogam no futebol inglês. A Rússia segue perto – só dois jogam fora do país, e os demais 21 atuam em times russos.

Na outra ponta, todos os jogadores da Suécia e do Senegal atuam no exterior.

No Brasil, 3 jogam no país e 20 no exterior, situação semelhante à das seleções argentina e uruguaia. Esta é a realidade do futebol desde mais ou menos 1990. Na Copa de 1982, apenas dois jogadores da seleção brasileira jogavam no Exterior: Falcão (na Itália) e Dirceu (na Espanha). Na copa de 1990, 10 atuavam no exterior – Jorginho (Alemanha), (Ricardo Gomes, Branco, Valdo, Silas e Aldair em Portugal), Dunga, Careca, Alemão e Müller (Itália), Romário (Holanda) e Mozer (França).

Desde então o número de jogadores na Seleção, que atuam no exterior, cresceu, refletindo a realidade internacionalizada (globalizada) do futebol, com tantos brasileiros atuando fora. E também, com a facilidade das transmissões de jogos entre times estrangeiros, que leva à situação em que cresce o número de brasileiros que torcem por times de outros países.