Programa MINAs quer provar que tecnologia é também lugar de mulher  

Com apoio de emenda parlamentar da deputada federal e presidenta nacional do PCdoB, Luciana Santos, no valor de R$ 500 mil, o Porto Digital lançou semana passada o programa Mulheres em Inovação, Negócios e Artes (MINAs), iniciativa de equidade de gênero que prevê o desenvolvimento de ações que fortaleçam a presença da mlher nas áreas de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) e Economia Criativa em Pernambuco, especialmente nas cidades do Recife e Caruaru, no Agreste. 

Programa MINAs quer mostrar que tecnologia é também lugar de mulher - Divulgação Assessoria

“Queremos desmistificar a ideia de que tecnologia não é lugar de mulher, criar ambientes mais acolhedores nas escolas, universidades e empresas da área e construir programas que incentivem a participação feminina no Porto Digital. Ou seja, queremos fortalecer a participação da mulher nos campos da TIC e da Economia Criativa”, explicou a coordenadora das MINAs, Natália Lacerda, destacando que o programa olha para todos os estágios da vida da mulher.

“Temos três eixos de atuação: estudantes, profissionais e geração de negócios ou empreendedorismo”, adiantou, explicando que é também propósito do programa aumentar a proporção de mulheres colaboradoras no ecossistema Porto Digital em áreas-fins das empresas e em cargos de direção.Dentro desses eixos, o programa prevê uma série de ações que envolvem atividades como oficinas, pesquisas, mapeamento de parcerias, qualificação tecnológica e empreendedora, campanhas de sensibilização e apoio a reinserção profissional de mães – inclusive com criação do espaço parental para acolhimento de crianças das mães do Porto Digital.

Qualificação tecnológica

Para as estudantes, o programa prevê oficinas práticas, dinâmicas de mercado e desafios de desenvolvimento de projeto que coloquem crianças, adolescentes e jovens em contato com a inovação. Caso surjam ideias de negócios nessas atividades, as mulheres ainda contarão com o apoio do Porto Digital na estruturação desses negócios.

Já as oficinas de iniciação e os cursos de qualificação tecnológica começarão a ser lançados ainda este ano. “Queremos atingir mil estudantes; 120 mulheres, incluindo mães; e 30 novas empreendedoras nos próximos três anos”, conta Natália, adiantando que essas ações terão um orçamento próprio dentro do Porto Digital.

Com a expertise da aceleradora Jump, será realizada rodada de qualificação de novos negócios, inspirada na metodologia do Mind the Bizz, para equipes compostas majoritariamente de empreendedoras. O programa oferece mentoria e assessoria nas áreas principais para o nascimento de um novo negócio e traz conhecimentos como Lean Startup, Design Thinking, Customer Development e Cenários de Futuro.

Além de propiciar conexões com possíveis investidores, o projeto é uma porta para os programas de incubação e aceleração do Porto Digital. Serão realizados também seminários coma participação de mulheres com experiência relevante na área de tecnologia e economia criativa, especialistas no tema da paridade de gênero em tecnologia e mulheres à frente de outros programas de equidade de gênero. A previsão é de que eles aconteçam ainda este ano.

O espaço parental contará com salas de trabalho, espaços de coworking e também espaço para acolhimento de crianças, para que as mulheres que trabalham no Porto Digital tenham onde deixar seus filhos enquanto estiverem no emprego. “O objetivo é reinserir as mães no mercado de trabalho, porque pesquisas mostram que menos da metade das mulheres voltam ao emprego depois da licença maternidade”, explicou Natália. As obras do espaço já começaram e devem ser concluídas em junho de 2019.

Mulheres empreendedoras

A secretária da Mulher do Recife, Cida Pedrosa, elogiou a iniciativa. “O Porto Digital lançou um belíssimo projeto, com apoio de emenda parlamentar da deputada federal Luciana Santos, de incentivo ao empreendedorismo de mulheres e adolescentes em tecnologia da informação e economia criativa. Além disso, a criação de uma creche garantirá o engajamento dessas mulheres no mercado de trabalho superavançado e importante para o desenvolvimento de Pernambuco e do Brasil”.

Dura realidade

A relevância da iniciativa do parque tecnológico pernambucano pode ser medida pelos resultados de estudos e pesquisas sobre o tema realizados por instituições públicas e privadas no âmbito nacional e internacional. Estudo realizado pelo Boston Consulting Group (BCG), em parceria com rede de aceleradoras norte-americana de startups MassChallenge, concluiu que empresas fundadas por mulheres costumam receber muito menos investimento, mas ao mesmo tempo dão um retorno maior em receita no longo prazo.

Segundo reportagem publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo, as startups fundadas por mulheres receberam em média US$ 935 mil em investimentos, contra US$ 2,1 milhões das outras. Por outro lado, as companhias cofundadas por mulheres geraram 10% mais em renda acumulada num período de cinco anos: foram US$ 730 mil contra US$ 662 mil, no caso dos homens. Em outras palavras, a cada US$ 1 investido na empresa, as mulheres geraram US$ 0,78, enquanto os homens geraram menos da metade: US$ 0,31.

Já o Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA) afirma que a economia mundial poderia registrar um acréscimo de US$ 28 trilhões caso homens e mulheres tivessem oportunidades iguais de qualificação e emprego. Mesmo assim, a equidade de gênero ainda é algo distante na área de Ciência e Tecnologia – campo que deve gerar a maior parte dos trabalhos do futuro. No Brasil, por exemplo, as mulheres ocupam apenas 20% deste mercado, e, em Pernambuco, apenas 26% dos empreendedores do Porto Digital são mulheres.

Do Recife, Audicéa Rodrigues, com informações do Porto Digital, FolhaPE e Jornal do Commercio/Coluna Mundo Bit.