Alta da mortalidade infantil é fruto da incompetência da gestão
Pela primeira vez houve alta da mortalidade infantil no país desde 1990. Segundo o Ministério da Saúde, o crescimento foi de 4,8% em 2016, na comparação com o ano anterior. Na análise do médico sanitarista, professor universitário e ex-ministro da Saúde Arthur Chioro, o novo dado está ligado às medidas promovidas pelo governo de Michel Temer.
Publicado 18/07/2018 18:23

De acordo com Chioro, todos os segmentos mais vulneráveis da população correm risco nesse momento de desmonte de políticas públicas.
"À medida que você tem um agravamento das condições econômicas, a destruição da rede social, o comprometimento do Bolsa Família, aumento do desemprego dos pais, tudo isso fragiliza demais o componente da mortalidade infantil tardia", explica o ex-ministro da Saúde, em entrevista ao jornalista Glauco Faria, na Rádio Brasil Atual, referindo-se aos óbitos que ocorrem entre o 28º dia e 364º da criança.
Chioro destaca a fragilização do Sistema Único de Saúde (SUS), que repercute também sobre as taxas de mortalidade. "As medidas efetuadas desastrosamente pelo governo Temer na área da saúde, como o comprometimento no repasse de recursos para municípios e estados e o desmonte de políticas como a 'Rede Cegonha' prejudicaram todo esse atendimento que é primordial ao bebê", pontua Chioro.
Sem meias palavras, o ex-ministro é taxativo ao considerar como "absurdo", o argumento usado pelo governo que cita uma eventual relação com a epidemia do Zika vírus para explicar o aumento da mortalidade infantil. "É preciso assumir que esse aumento é fruto da incompetência e incapacidade de gestão", sugere Chioro.
Para ele, a sociedade não pode permitir o que considera ser um retorno ao passado. "Isso não pode ser admitido porque nós temos tecnologia, temos rede e capacidade de fazer direito. É preciso vontade política para vencer essa visão que entrega tudo ao mercado, inclusive nossas vidas", argumenta.
Ouça a entrevista na íntegra na Rádio Brasil Atual