Ministro da Saúde argentino é a favor da legalização do aborto

No próximo dia 8 de agosto o Senado argentino vai votar o projeto de legalização do aborto no país, que já foi aprovado pela Câmara de Deputados, após intensa mobilização das mulheres. O ministro da Saúde, Adolfo Rubinstein, afirmou nesta terça-feira (24) ser a favor da legalização da interrupção da gravidez.

Adolfo Rubinstein - Clarín

Rubinstein destacou que a despenalização do aborto em outros países causou a queda da prática clandestina, assim como a redução de mortes de mulheres que decidiram pela interrupção da gravidez, diferente das nações onde a prática ainda é criminalizada.

“Os abortos e as mortes maternas diminuíram drasticamente nos países onde o aborto foi legalizado”, disse Rubinstein durante uma audiência do Senado em que ele participou para tratar da questão.

“De 2005 em diante, se vê uma tendência de diminuição dos ingressos hospitalares por aborto, isso tem a ver com as políticas de saúde e maior acesso a contraceptivos, até um maior uso de tratamentos farmacológicos para aborto, como misoprostol [medicamento usado para abortos clandestinos]”, justificou o ministro argentino.

O ministro afirmou que as bases científicas e as estatísticas justificam a legalização como medida para reduzir as mortes e complicações decorrentes de abortos clandestinos, que na Argentina são superiores a 70% dos problemas relacionados à gravidez.

Rubinstein justifica ainda que os gastos da Saúde pública para realizar abortos seguros seriam menores do que se gasta agora para tentar reduzir danos de abortos clandestinos, porque o procedimento em si, de interrupção da gravidez, é simples.

“A redução de custos se explica devido à diminuição de internações, que baixaria, e a medicação [necessária para o aborto] estaria garantida. Isso diminuiria drasticamente o custo das complicações”.

“Atualmente, o misoprostol [medicamento vendido apenas no mercado negro] custa entre 10 e 182 dólares, o custo seria 30 vezes menor se fosse legal. Quanto maior a restrição, maior a quantidade de abortos com mortes”, justificou o ministro.