Luiz Carlos Prata Regadas: A direita ressurge na Nicarágua

"O movimento de autodefesa do governo gerou forte violência, começando em Masaya e depois se espalhando por todo o país”.

Por Luiz Carlos Prata Regadas*

Manifestação na Nicarágua - Divulgação

A direita ressurge forte também na Nicarágua, o governo nicaraguense age com pulso firme e a situação no país está em apuros. Lá, o cenário não é bom desde 18 de abril deste ano. A partir desta data, após as reformas do INSS (Instituto Nicaraguense de Seguridad Social).

Segundo as regras para a aposentadoria do INSS, os contribuintes se aposentam com 60 anos de idade deles são exigidas pelo menos 750 semanas de contribuições. Os trabalhadores assumem 6% e os empregadores assumem 19%. O executivo fez alterações nos artigos da Lei do INSS, passando às empresas a obrigação de recolher até 21%, enquanto os trabalhadores assumiriam 7%. Os aposentados deduziriam 5% da pensão. Tudo isso gerou insatisfação os aposentados já haviam cumprido as obrigações relativas às contribuições.

Quando os aposentados foram reclamar, a polícia interveio e os espancou. Isso gerou descontentamento desencadeando uma onda de violência. O movimento da direita aumentou, aproveitando a situação político-econômica do país. A partir de então muita violência vem acontecendo no país de ambos os lados políticos.

O governo tem, ao seu lado, militantes do partido, chamados Juventude Sandinista e funcionários das empresas estatais. Deste lado há também policiais e o Exército da Nicarágua. Por outro lado, a direita é apoiada por alguns (não todos) jovens universitários, jovens estudantes não universitários da sociedade civil e líderes de partidos políticos da oposição. A direita conta também com o apoio do movimento camponês, chamado anti-canal, formado por camponeses que possuem a terra onde o Canal Interoceânico iria passar, mas que se recusam a vender suas terras ao governo porque consideraram um valor muito baixo.

Esse movimento de autodefesa do governo gerou forte violência, começando em Masaya e depois se espalhando por todo o país.

A verdade é que, no momento, existe um movimento que tenta confundir a opinião pública de ambos os lados. Ou seja, o governo da Nicarágua e a direita manipulam as informações de acordo com sua conveniência. Quanto aos mortos, o governo dá uma quantidade enquanto a CIDH e o Escritório do Ombudsman de Direitos Humanos na Nicarágua (PDHN) outro, contabilizando quase 400 mortos em ambos os lados, dentre elas a de uma brasileira. Só relativo a desaparecidos, o número já chega a 100 pessoas.

É importante complementar ainda que existem grupos armados da direita e do governo. A direita deu armas (secretamente) aos protestantes, fato esse que levou à morte de policiais. O mesmo acontece com civis encapuzados armados, chamados de policiais voluntários, mas de acordo com a lei esses policiais voluntários devem ser identificados e eles não o são.

A situação política é deplorável e a situação econômica não é boa. O custo da cesta básica aumentou em aproximadamente 40%. Milhares de nicaraguenses estão emigrando para a Costa Rica, Espanha e, os que podem, estão indo para os Estados Unidos.

No entanto, corre na Nicarágua que por trás da direita estão ONGs não-governamentais e os próprios Estados Unidos. Fato essa não é surpresa se for comprovado, pois os americanos têm desencadeado a sua geopolítica para dar golpes e retomar mercados em todo o mundo, principalmente na América Latina.


*Luiz Carlos Prata Regadas é Sociólogo e Mestre em Planejamento em Políticas Públicas pela Universidade Estadual do Ceará.

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