Martônio Mont'Alverne – Eleições: a Reconquista da Democracia

“Até aqui, todas têm dado sinal de maturidade política ao procurar seu espaço e mobilizar militância em seu favor: associações, intelectuais, sindicatos. Como não se deve ter a ilusão de uma disputa fácil, a experiência política deste espectro democrático será determinante para sentir, já no primeiro turno, quem terá mais força contra os golpistas e seu projeto subalterno de País, e direcionar seu apoio àquele com maior chance”.

Por Martônio Mont'Alverne*

Democracia

Quando no final de 2014 associaram-se Aécio Neves e a imprensa mainstream, e mais tarde confirmou-se a parcialidade e tibieza de STF e MPF, a democracia brasileira que "pode com a enchente e com a peste; com a lei não pode não: sucumbiu". Passadas as convenções partidárias para a escolha de seus candidatos, o panorama dos que não apoiaram o golpe de 2016 e sua ação política realista podem ser favoráveis ao retorno da democracia. PT e PCdoB estarão unidos, numa correta estratégia: basta ver a profunda irritação da quase totalidade da imprensa mainstream com a centralidade de Lula nas eleições. Ler jornalistas de grandes veículos sugerirem que Lula deveria logo desistir de sua candidatura e apoiar um nome único de centro-esquerda, chega a ser comovente: o objetivo real é ajudar Alckmin a se tornar um candidato minimamente viável. Este, sim, é o candidato do golpe e de seus sequazes.

O PDT escolheu Ciro Gomes; o Psol, Boulos. Claro que a união de todos já no primeiro turno seria o cenário perfeito para a retomada da democracia. A ação política de fazer com que o Judiciário tenha aposição sobre o registro de Lula como candidato é correta.

Saberemos se Lula será tratado diferentemente ou não, num ambiente onde o presidente do TSE antecipa seu voto, todo dia, contra Lula. Pelo cenário atual, haverá segundo turno. Neste momento, estas forças democráticas poderão dar uma lição histórica de união pela reconquista do Estado Democrático. Até aqui, todas têm dado sinal de maturidade política ao procurar seu espaço e mobilizar militância em seu favor: associações, intelectuais, sindicatos. Como não se deve ter a ilusão de uma disputa fácil, a experiência política deste espectro democrático será determinante para sentir, já no primeiro turno, quem terá mais força contra os golpistas e seu projeto subalterno de País, e direcionar seu apoio àquele com maior chance. É bom não esquecer que não somente o futuro de cada uma destas lideranças está em jogo.

*Martônio Mont'Alverne Barreto Lima é professor doutor da Unifor

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