PT: É grave que um general das forças armadas interfira na eleição
O general das Forças Armadas, Eduardo Villas Bôas, declarou neste domingo (9) ao jornal O Estado de S.Paulo que a candidatura subjudice do ex-presidente Lula é o pior cenário para o Brasil. O PT de manifestou em nota: “É uma manifestação de caráter político, de quem pretende tutelar as instituições republicanas”. Segundo o partido, deve haver reação a este tipo de interferência. Manifestações como esse só aconteciam no período da ditadura, lembrou a nota.
Por Railídia Carvalho
Publicado 09/09/2018 14:05

“O pior cenário é termos alguém sub judice, afrontando tanto a Constituição quanto a Lei da Ficha Limpa, tirando a legitimidade, dificultando a estabilidade e a governabilidade do futuro governo e dividindo ainda mais a sociedade brasileira. A Lei da Ficha Limpa se aplica a todos”, disse Villas Bôas.
O general também criticou a decisão da ONU que determinava que o Estado brasileiro assegurasse os direitos políticos de Lula: “(a decisão da ONU) É uma tentativa de invasão da soberania nacional. Depende de nós permitir que ela se confirme ou não. Isso é algo que nos preocupa, porque pode comprometer nossa estabilidade, as condições de governabilidade e de legitimidade do próximo governo”, afirmou.
“É muito grave que um comandante com alta responsabilidade se arrogue a interferir diretamente no processo eleitoral, algo que as Forças Armadas não faziam desde os sombrios tempos da ditadura”, posicionou-se em nota o PT. O partido reiterou que são legítimos os recursos processuais impetrados pelo presidente LUla e que estão sob exame do Judiciário.
Em outro trecho da nota, o PT questiona acerca das consequências da declaração do general:”Depois de dizer quem pode ou não pode ser candidato, de interpretar arbitrariamente a lei e a Constituição o que mais vão querer? Decidir se o eleito toma posse? Indicar o futuro presidente à revelia do povo? Mudar as leis para que o eleitor não possa decidir livremente? O Brasil já passou por isso e não quer voltar a este passado sombrio”.
A nota do PT reforça que o pais precisa “urgentemente” de mais democracia “para retomar o caminho da paz e do desenvolvimento com inclusão social”. E finaliza: “compete ao povo e aos democratas do país denunciar e reagir diante de um episódio que só faz agravar a grave crise social, política e econômica do país”.
De acordo com matéria no Sul 21 , o general teria assegurado que não há hipotese de quebra institucional caso Lula vença as eleições de outubro. “Quem chancela isso é o povo brasileiro”, disse.