De Olho no Mundo, por Ana Prestes
Um resumo diário das principais notícias internacionais.
Publicado 30/01/2019 10:06
Sobre as novas sanções norte americanas à Venezuela, com a retenção de dividendos do petróleo comercializados pelo país, houve pronunciamento por parte do porta-voz do Kremlim, Dmitry Peskov: “intervenção aberta nos assuntos internos da Venezuela” e um caso de “competição ilegal”. O chanceler russo, Lavrov, acrescentou: “violam todas as possíveis normas internacionais”. A China também se pronunciou. Segundo Gent Shuang, porta-voz do Ministério de Relações Exteriores, “a experiência histórica mostra que as interferências externas ou sanções apenas complicarão e não devem ajudar a resolver problemas práticos. (…) o país em questão (EUA) deve ser considerado responsável pelas graves consequências”.
O “caso Venezuela” tornou-se o palco do duelo de titãs entre EUA, Rússia e China. As novas sanções americanas podem custar cerca de 11 bilhões de dólares fruto da exportação de petróleo. Rússia e China tem créditos a receber da Venezuela, o que pode ser inviabilizado com a medida de Trump. Em entrevista na Fox News, John Bolton disse: “faria uma grande diferença se pudéssemos ter companhias americanas produzindo petróleo na Venezuela. Seria bom para a Venezuela e para o povo americano”.
As novas sanções econômicas dos EUA contra o governo de Maduro vieram acompanhadas de uma autorização para que o autoproclamado líder e presidente venezuelano, Juan Guaidó, movimente contas do Estado venezuelano em bancos americanos. Sem esconder o golpismo, o porta-voz do Departamento de Estado, Robert Palladino, manifestou: “esta certificação ajudará o governo legítimo da Venezuela a salvaguardar estes ativos para benefício do povo venezuelano”.
Uma foto de John Bolton com um bloco de notas nas mãos, em que se lia “5000 tropas Colômbia” circulou ontem na internet e abriu margem para especulações sobre uma possível intervenção militar, via Colômbia, na Venezuela.
A Internacional Socialista realizou encontro de dois dias em Santo Domingo e aprovou resolução que reconhece legitimidade da Assembleia Nacional da Venezuela. O encontro fez também apelo para que sejam realizadas novas eleições no país. Participante do encontro, o premiê espanhol Pedro Sánchez, se referiu a Nicolás Maduro como “tirano” e disse que socialistas nunca podem se opor aos clamores populares por “liberdade”.
Enquanto isso, na Venezuela o procurador-geral Tarek William Saab solicitou aos TSJ que abra uma investigação prelimitar sobre Juan Guaidó como responsável por diversas ocorrências violentas nas últimas manifestações no país e por ajuda a países estrangeiros para interferir em assuntos internos da Venezuela. Guaidó também teve seus bens e contas congeladas e está impedido de sair do país. O oposicionista está convocando para hoje protestos nas ruas da Venezuela com a clara intenção de pressionar as Forças Armadas para um apoio à derrubada do governo.
Maduro anunciou a criação de 50 mil unidades populares de defesa, em complemento à Força Armada Nacional Bolivariana (FANB). Serão organizadas em bairros, povoados, cidades e vilas do país.
Presidente da Bolívia, Evo Morales, se pronunciou ontem para dizer que as sanções americanas à PDVSA e o sequestro de sua subsidiária nos EUA violam a Carta das Nações Unidas, que reconhece a igualdade e a soberania dos Estados, assim como a livre determinação dos povos.
Na França, os jalecos amarelos estiveram na porta da Embaixada da Venezuela em Paris para protestar contra a posição do governo francês de apoio ao golpe de Estado em curso na Venezuela.
Um documento, a Plataforma Cidadã em Defesa da Constituição da Venezuela, circula na internet esta semana. Assinado por ex-ministros venezuelanos, como Héctor Navarro (ex-ministro da Educação, da Ciência e da Energia) e intelectuais como Edgardo Lander, o documento propõe a constituição de um “movimento nacional que promova o diálogo e a realização de um referendo consultivo vinculante” no país. A plataforma defende o fim do golpismo e do “estado paralelo”, garantias de eleições a curto prazo, plano econômico de emergência, lei de anistia, auditoria pública e cidadã da dívida e fim das sanções econômicas internacionais.
O presidente em exercício, General Mourão, que, aliás, tem se pronunciado bastante sobre a cena internacional, já disse que o Brasil não participaria de uma intervenção na Venezuela e ontem defendeu a criação de um “corredor de escape” para Maduro deixar a Venezuela de forma segura no caso do êxito do golpismo.
Mourão também se pronunciou em outro tema espinhoso para o Governo Bolsonaro e garantiu ao Embaixador da Palestina no Brasil, Ibrahim Alzeben, que o Estado brasileiro não está pensando em mudar a sua embaixada em Israel, de Tel Aviv para Jerusalém. O vice também já havia garantido ao embaixador palestino que não há ameaça à permanência da embaixada da Palestina em Brasília.
Theresa May conseguiu liberação do parlamento britânico para renegociar o Brexit com os europeus. Ocorre que estes não estão muito dispostos a renegociar.
A gigante do 5G, a Huawei, continua no foco das notícias internacionais. Canadá, EUA e China continuam duelando. Os EUA pressionam o Canadá para extraditar a diretora executiva da empresa, Meng Wanzhou, para terras americanas. O senador americano Mark Warner disse que a empresa representa uma ameaça à segurança nacional dos EUA. Ontem (29), o ministro de relações exteriores da China disse que Beijing irá defender firmemente suas empresas e adverte os EUA a “pararem com o nada razoável ataque às companhias chinesas, incluindo a Huawei”.
O primeiro-ministro palestino, Rami Al-Hamdallah, anunciou ontem (29) sua renúncia ao presidente Mahmoud Abbas. A renúncia ocorre em um momento de aumento da tensão entre o Fatah e o Hamas.
Em Israel, o ex-general Benny Gantz surge como uma possibilidade real de substituição de Benjamin Netanyahu no poder. As eleições legislativas estão marcadas para 9 de abril. Gantz liderou as tropas israelenses estacionadas no Líbano até 2000 e foi chefe do Estado Maior das Forças Armadas entre 2011 e 2015, período em que se atacou fortemente Gaza. Em seus vídeos eleitorais defende os ataques a Gaza, ao mesmo tempo em que aponta para a retomada das negociações com os palestinos, suspensas há 5 anos. O Likud, partido de Netanyahu o tem acusado de “esquerdista” que está disposto a devolver os territórios ocupados aos palestinos.