Comissão panamenha exuma restos mortais de vítimas dos EUA
O crime aconteceu na madrugada de 20 de dezembro de 1989 com um bombardeio que marcou o início da chamada […]
Publicado 14/12/2019 16:10 | Editado 14/12/2019 16:11
O crime aconteceu na madrugada de 20 de dezembro de 1989 com um bombardeio que marcou o início da chamada “Operação Causa Justa”, destinada a depor o então presidente do país, general Manuel Antonio Noriega.
Essa foi a penúltima intervenção militar dos Estados Unidos na América Latina e Caribe – a última foi em 1994 no Haiti –, a escuridão prepondera sobre um episódio. As vítimas exigem que Washington reconheça a invasão, indenize o país e diga onde se encontram as valas comuns nas quais teriam sido enterradas centenas de panamenhos, além de declarar o 20 de dezembro como dia de luto nacional.
Em entrevista ao canal TVN, Juan Planells, presidente da comissão, se referiu às informações fornecidas pela força invasora, sem detalhar seu conteúdo, mas informou que outros 15 restos mortais serão exumados em janeiro próximo, após a autorização do Poder Judiciário, que permitirá a identificação através de tecnologias avançadas.
Consciência social
Ele explicou que 250 pessoas afetadas pela agressão, principalmente civis, foram confirmadas até o momento como vítimas da intervenção militar, que é registrada em cada arquivo de caso analisado e certificado.
“Tivemos a oportunidade de ter contato direto com as vítimas, principalmente civis, como resultado da violação dos direitos humanos que foi cometida naquele dia. Verificamos que existe uma justificativa real para todo o povo panamenho reconhecer que é um dia de luto nacional”, afirmou.
Em comunicado divulgado na terça-feira (10), a comissão solicitou ao Executivo que reconhecesse que comemorações e atos públicos e participativos oficiais sejam realizados todos os anos para examinar e divulgar esses fatos, a fim de promover uma consciência social que fortalecerá valores nacionais.
Assim, o grupo cumpre, pela segunda vez, um mandato do Decreto Executivo 121, que o instalou em julho de 2016, que em um de seus artigos lhe incumbiu avaliar a proposta de como comemorar a data, informando a existência de violações dos direitos humanos.
Em seu primeiro relatório, no final de 2018, a comissão informou sobre os danos humanos e materiais, “enormes e injustificados”, sofridos pelo povo panamenho, e que, até o momento, nunca na história do país tantas vidas haviam sido perdidas ou afetadas como ocorreu então.
Julgamentos severos
Um documento especial que foi dirigido ao então presidente do país Juan Carlos Varela, ressaltava: “Isso por si só marca uma passagem trágica e dolorosa, a qual não se pode dar as costas”.
A comissão argumentou que é inevitável a preservação da identidade nacional, que cada povo se encontre com sua própria história, sem ignorar suas tragédias deliberadamente ou inconscientemente, jogando-as no esquecimento.
Esse documento, na opinião dos observadores, é o primeiro que fez julgamentos tão severos a partir de uma representação oficial, levando em consideração que o agressor é aliado aos governos pós-invasão, apesar de causar vítimas fatais em um número ainda desconhecido, porque foram jogados em valas comuns com objetivo encobrir as perdas humanas.
Com agências