A meningite da ditadura e o Covid 19 de Bolsonaro

Bolsonaro e seus apoiadores tentam repetir crime hediondo do regime de 64, ao negarem a dimensão da crise do Covid19

A meningite afetou principalmente o povo pobre

Entre 1971 e 1974 o Brasil – São Paulo em particular- viveu um terrível surto de Meningite que afetou dezenas de milhares de pessoas, especialmente crianças. Muita gente morreu e há um grande buraco estatístico sobre aquele período, por culpa da censura férrea imposta pela ditadura militar. Eu mesmo poderia ter sido afetado naqueles anos.

Na época, a ditadura surfava na onda do “Milagre Econômico”, financiado com enorme endividamento externo do país (cuja conta, mais tarde, arrebentou o Brasil e a própria ditadura) e estava exterminando fisicamente a maior parte dos grupos armados que lutavam contra ela (as guerrilhas urbanas e a guerrilha do Araguaia). Cadeias lotadas de opositores, torturados todos os dias, censura brutal e repressão generalizada e um crescimento econômico acelerado, garantiam a aparência de paz e serenidade no país. Uma paz ilusória.

O surto começou nas favelas da Zona Sul paulistana e foi se espalhando da periferia para as regiões centrais e demais periferias, afetando “democraticamente” todos os setores sociais, mas, óbvio, com grande intensidade a população mais pobre. E diante da doença qual foi a atitude da ditadura? Impedir a divulgação de notícias sobre o tema, já que representava uma mancha na popularidade do regime. Ao sonegar informações e impedir que a imprensa da época tratasse do assunto, não foram adotadas medidas de contenção e prevenção e a crise avançou.

Apenas em 1974, e apenas na cidade de São Paulo, mais de 12 mil casos foram registrados e cerca de 900 pessoas morreram. Só a partir daí é que se quebrou progressivamente a censura da ditadura e medidas em larga escala – como a vacinação em massa – passaram a ser adotadas. A ditadura não matou apenas opositores. Matou muito mais, especialmente crianças, vítimas inocentes do jogo político de uma ditadura a serviço da velha classe dominante e dos interesses imperialistas no Brasil.

Bolsonaro e seus robôs políticos, os famigerados bolsominions e alguns bispos milionários que apoiam seu governo, fãs da ditadura militar, tentam repetir aquele crime hediondo do regime de 64, ao negarem a dimensão da crise do Covid19, ao estimularem atos públicos pró governo e a ida em massa de fieis aos templos. Querem ocultar a verdade é disseminam ignorância e obscurantismo. São criminosos e como tal devem ser tratados. Sem meias palavras!

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