Bolsonaro mantém discurso genocida e chama governadores de criminosos
O presidente afirmou que vai conversar com ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, para mudar as orientações dada pela pasta sobre o isolamento social para o combate ao coronavírus.
Publicado 25/03/2020 10:30 | Editado 25/03/2020 10:34
Na saída do Palácio do Alvorada nesta quarta-feira (25), o presidente Jair Bolsonaro voltou a defender a reabertura do comércio, escolas e funcionamento normal das empresas.
Ou seja, ele reafirmou o que disse no pronunciamento de cadeia de rádio e tevê na noite desta terça-feira (24) contrariando as orientações do próprio Ministério da Saúde e na contramão do que vem sendo feito no mundo para preservar vidas.
Bolsonaro disse que que alguns governadores agem de forma criminosa ao impedir circulação de pessoas e veículos nas rodovias. Afirmou que se continuar a política de isolamento haverá um colapso na economia e a democracia estará em risco.
Disse que vai conversar nesta quarta-feira com ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, para mudar as orientações dada pela pasta sobre o isolamento social para o enfrentamento da pandemia do coronavírus.
Enganou-se ao dizer que o presidente dos EUA, Donald Trump, estava decidido a partir desta quarta-feira acabar com a quarentena naquele país. Um dos repórteres lhe informou que a decisão é após a páscoa.
“38 milhões de autônomos já foram atingidos. Se as empresas não produzirem não pagarão salários. Se a economia colapsar os servidores também não receberão. Devemos abrir o comércio e tudo fazer para preservar a saúde dos idosos e portadores de comorbidades”, afirmou Bolsonaro.
Bolsonaro disse que não está preocupado com sua popularidade. “Nós temos que tomar decisões nesse momento e acabar com o discurso de histeria”.
“Alguns poucos governadores, poucos, não são todos, em especial Rio e São Paulo, estão fazendo uma demagogia barata em cima disso, para esconder outros problemas. Se colocam junto à mídia como salvadores da Pátria, como o Messias que vai salvar o seu Estado e o Brasil do caos. Fazem política o [tempo] todo. Não é esse o caminho que o Brasil deve seguir. Povo brasileiro, esqueça se você não gosta de mim, olha a realidade”, afirmou.
Repercussão
O governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), sugere que no Twitter que mais uma vez Bolsonaro coloca a vida das pessoas em risco.
“Para salvar a economia não é necessário matar milhares de pessoas por coronavírus. Muitos países seguem recomendações dos profissionais de saúde. E, ao mesmo tempo, adotam medidas para proteger empresas e empregos. A virtude está no meio termo, não em extremismos agressivos”, argumentou o governador.
Flávio Dino diz que não existe incompatibilidade entre salvar vidas e proteger a economia. “Não há incompatibilidade entre uma coisa e outra. Somente não entendem isso os líderes que não conseguem caminhar e mascar chiclete ao mesmo tempo”.
O deputado Orlando Silva (PCdoB-SP) disse que num país tão desigual como o Brasil, “distanciamento social” exige uma renda básica para os mais pobres, para trabalhadores informais e autônomos.
“Ao invés de repercutir as sandices de Bolsonaro, o Congresso Nacional deveria encaminhar essas medidas”, propôs.
“De novo? Bolsonaro reafirma seu discurso de genocida logo pela manhã. Segue atacando os governadores, segue atacando o povo, a saúde. Precisamos vencer essa pandemia apesar de Bolsonaro!”, disse o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP).