Especialistas da UnB ensinam a cuidar da saúde mental durante pandemia

A distância da família e dos amigos, aliada ao cenário de incerteza e medo, pode causar intenso sofrimento psíquico.

Cuidar do bem-estar mental é tão importante quanto impedir o contágio pelo vírus - Reprodução

A principal orientação da Organização Mundial de Saúde (OMS) para combater o novo coronavírus é o isolamento social, com o fim de achatar a curva de transmissão da doença e evitar o colapso do sistema de saúde. O confinamento, no entanto, tem efeitos sobre a saúde mental. A distância da família e dos amigos, aliada ao cenário de incerteza e medo, pode causar intenso sofrimento psíquico.

Segundo especialistas da Universidade de Brasília (UnB), a atenção ao bem-estar mental é tão importante quanto o cuidado com a saúde neste momento. Eles recomendam a adaptação e a adoção de novos hábitos que ajudem os brasileiros a passar o confinamento da melhor maneira possível.

Uma das principais dicas para lidar com a situação e o medo de contágio é buscar informação em fontes fidedignas. Josenaide Santos, coordenadora de Articulação de Rede para Prevenção e Promoção da Saúde (Co-Rede) da Diretoria de Atenção à Saúde da Comunidade Universitária, sugere que as pessoas busquem se manter informadas sobre medidas de segurança e de cuidado. “Seja seletivo e escolha um momento do dia para ter acesso à informação, de preferência, de fonte segura”, recomenda.

Ações como manter uma boa alimentação, praticar exercícios físicos, e estar em contato (não presencial) com família e amigos, além de estabelecer horários e rotina, também podem ajudar no atual momento da sociedade.

Crianças e idosos

Quem tem crianças deve, sempre que possível, incentivá-las a continuar brincando e socializando, mesmo que somente em casa. É normal que elas passem a buscar mais os pais e tentem entender a situação. Para ajudar a diminuir as preocupações dos pequenos, a sugestão é falar com eles de forma franca e com linguagem simples.

Idosos são o grupo social mais ameaçado pela disseminação do vírus. Portanto, ofereça apoio emocional por meio de ligações ou outros meios seguros de contato. Para se tranquilizar e tranquilizar o idoso, busque se preparar com antecedência sobre as possíveis formas de buscar ajuda, ou prover medicamentos e refeições, por exemplo.

Alimentação

Cynthia Rocha, nutricionista da Co-Rede, lembra que as mudanças de rotina não planejadas contribuem para o aumento da ansiedade e um dos resultados possíveis é o de as pessoas acabarem recorrendo a alimentos ricos em açúcar. “As pessoas devem comer alimentos integrais. Eles ajudam a manter os níveis de açúcar no sangue e, consequentemente, o humor”, recomenda.

Com o isolamento, muitos profissionais passaram a fazer transmissões em redes sociais para distrair ou ajudar quem também está em casa. É possível achar aulas de ioga, exercícios funcionais, receitas e até contações de história para entreter os mais novos.

Há também profissionais oferecendo atendimento psicológico a distância nas redes, inclusive gratuito. Não se esqueça de checar as credenciais do profissional. Uma das maneiras de identificar quem faz um trabalho sério é verificar se o psicólogo está inscrito no Conselho Regional de Psicologia (CRP) de seu estado.

Para os trabalhadores, os desafios na execução do trabalho remoto podem ser atenuados com o estabelecimento de uma rotina. A psicóloga e ex-aluna da UnB, Tamires Mascarenhas, recomenda manter a disciplina para aqueles que têm sentido que, apesar do tempo gasto no trabalho, ele não rende. “Tente estipular um tempo para realizar cada tarefa lembrando de fazer pequenas pausas, caso se sinta sobrecarregado.”

No fim, as dicas se resumem a uma: não fique em sofrimento. Não deixe que o estresse e a ansiedade e o estresse dominem. Busque ajuda e lembre-se: vai passar.

Veja as dicas para cuidar da saúde mental durante o isolamento:

1 – Fique em contato com sua rede de amigos e conhecidos. Há aplicativos para dispositivos móveis e computadores que permitem a interação virtual, inclusive por vídeo.

2 – Preste atenção aos seus sentimentos, busque atividades saudáveis. Exercício físico diário, sono regular e dieta balanceada ajudam. Tutoriais e transmissões em plataformas como YouTube e Instagram podem ser uma alternativa.

3 – Busque fontes de informação confiáveis. A enxurrada de notícias sobre o surto pode levar à ansiedade e ao estresse. Sites de jornalismo profissional têm mais chance de serem precisos.

4 – Crie oportunidades para perceber as histórias positivas, como as de superação. Isso mostra o retorno do trabalho dos profissionais que buscam uma cura e nos ajuda a ter esperança.

5 – Proteja-se e ajude os outros a se protegerem. A assistência pode ser benéfica tanto a quem recebe o apoio quanto a quem dá o auxílio. Já chegou se aquela pessoa querida precisa de algo hoje?

Com informações da Secom/UnB