Universidade de Brasília fabrica máscaras e válvulas de respiradores

Multidisciplinar, Projeto Égide é formado por alunos e professores da UnB. Objetivo é garantir segurança de profissionais de saúde e atendimento a pacientes.

Alunos e professores da UnB estão mobilizados para fabricação de máscaras - Divulgação

Enquanto o país está em suspenso com a pandemia do novo coronavírus, há profissionais que trabalham incansavelmente para ajudar a vencer a doença. Parte deles está nas universidades públicas, constantemente atacadas e cruelmente atingidas por cortes de verbas para pesquisas neste governo. A Universidade de Brasília (UnB) faz parte do esforço para enfrentar a pandemia. O Projeto Égide, que tem o objetivo de desenvolver equipamentos para proteger profissionais de saúde e garantir o atendimento a pacientes com Covid-19, é uma das iniciativas em curso na instituição.

O projeto nasceu nos primeiros dias de março, pouco após o primeiro decreto do governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, determinando a suspensão de aulas e eventos. O Laboratório Aberto de Brasília, na Faculdade de Tecnologia da UnB, já acompanhava a evolução do vírus na Itália.

“Um grupo de fabricação digital da Itália modelou respiradores que estavam em falta lá e jogou na rede. Os laboratórios começaram mundialmente a trabalhar para atender a essa demanda. O Laboratório Aberto, que tem impressora 3D, começou a fabricar válvulas de respiradores também”, explica Gabriel Lyra, professor do Departamento de Design da universidade. Não demorou para o laboratório iniciar a fabricação de outro item: a máscara de acrílico, que funciona como um escudo de proteção.

A quantidade de interessados – e de projetos – foi crescendo. “Além das engenharias, já tinha uma participação do pessoal da saúde, biológicas, engenharia biomédica. Começou a surgir uma preocupação de propor soluções regulamentadas ou regulamentáveis pela Anvisa [Agência Nacional de Vigilância Sanitária]. Esse escudo facial, por exemplo, não tem aprovação da Anvisa. Então, há um grupo que faz avaliação de segurança para buscar garantir isso também”, diz.

Formou-se ainda uma frente de trabalho que está estudando como fabricar localmente as máscaras modelo N95, recomendadas para uso prolongado e essenciais para garantir a segurança dos profissionais de saúde. Este modelo de máscara está em falta no mundo inteiro. Um outro grupo está consertando respiradores da rede pública do Distrito Federal parados por falta de manutenção.

Fabricação precisa seguir normas de segurança – Divulgação

Segundo Gabriel Lyra, o Projeto Égide agora tem mais de 80 pessoas trabalhando, entre alunos, professores e voluntários. São profissionais de design, engenharia, saúde, ciências biológicas, física e química. “A gente está fazendo a maior parte das coisas a distância e usando os laboratórios da UnB só quando necessário. A frente de fabricação digital [do Laboratório Aberto] está na UnB [presencialmente], mas com controle de higiene e de entrada e saída do laboratório”, explica.

Como algumas atividades envolvem um custo alto, o projeto está em busca de financiamento. Os integrantes criaram uma vaquinha online. “É preciso dinheiro para fabricar as máscaras e fazer o teste de segurança. Os laboratórios privados cobram de R$ 8 mil a R$ 12 mil para fazer o teste. Tem de ser credenciado pela Anvisa. Precisamos de uma fabricação que garanta de verdade a segurança dos profissionais de saúde”, afirma Gabriel.

O Projeto Égide é coordenado por Suélia Fleury Rosa, professora do campus da UnB no Gama; Mário Fabrício Fleury Rosa, pesquisador colaborador do campus Ceilândia e Marcella Brettas, do campus Planaltina. Para acompanhar as ações, é só seguir a página do projeto no Instagram.

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