Discurso equivocado e inconsequente

A defesa da economia em prejuízo da vida feita por parcela da sociedade, basicamente empresários, incentivados pelo presidente Bolsonaro, ganha característica fúnebre com a indicação do novo ministro da Saúde que nos primeiros discursos já declarou que a compra de ventiladores seria desperdício, porque após a pandemia não teriam mais serventia (sic), e em outro, afirmando que os mais jovens teriam preferência nas UTIs em detrimento de idosos.

Bolsonaro e Guedes beneficiam os ricos em detrimento das pessoas mais pobres

O presidente Bolsonaro completou; que o país teria que voltar a normalidade, abrir o comercio, “mesmo que morressem quantos tiverem que morrer”. No mesmo dia o Exército enviou oficio para as prefeituras municipais solicitando informações sobre a capacidade dos cemitérios; por inacreditável, não dos hospitais e UTIs. Todos esses posicionamentos inconsequentes, tanto do presidente como  ministros do seu governo, inclusive da instituição militar, deixam claro que a preocupação não é o combate à pandemia, muito menos com a preservação da vida.

Além de estarrecedoras e macabras, essas decisões em prol da economia, são totalmente falsas e demagógicas. Depois de mais de um ano de governo o desemprego e a economia continuam praticamente nos mesmos patamares. Nenhuma medida eficaz foi tomada. Pelo contrário, Bolsonaro e seu ministro Paulo Guedes deram continuidade com muito mais ênfase à política neoliberal de Michel Temer, que levou o Brasil à estagnação. Só a titulo de exemplo, na Argentina, o presidente imediatamente após a posse já tomou providências contra a nefasta política neoliberal de Maurício Macri, seu antecessor, decretando uma moratória no pagamento da dívida do país, afirmando que pagaria somente após a retomada da economia e dos empregos. E não parou aí. Abriu uma discussão com o Congresso nacional para taxar as grandes fortunas e os lucros exorbitantes dos bancos, que no Brasil é muito maior do que no país vizinho.

É fácil perceber que o discurso de defesa da economia em detrimento da vida, para mais uma vez favorecer os poderosos, é totalmente mentiroso. Há exemplos no mundo todo, inclusive na China, de que para retomar a economia é preciso combater com rapidez e eficácia a pandemia. Só assim, com maior brevidade e segurança, se consegue a retomada das atividades normais em todos os setores da economia, dos empregos e da vida da população.

Por parte do governo e de uma parcela de grandes empresários tipo Havan e outros, não há dúvida de se trata de safadeza, falta de compromisso com o povo, com o país e com a vida. Por parte de outros setores, médios, pequenos, autônomos, o que existe é um grande equivoco, até porque se espelham nos discursos falsos de Bolsonaro, que nos seus nove mandatos como deputado federal nunca apresentou um projeto de interesse do povo ou do país.

O que os médios e pequenos empresários, autônomos, desempregados e subempregados deveriam fazer, como em vários países, na China, Alemanha, Estados Unidos e outros, era exigir do governo uma ajuda efetiva mensal em dinheiro, empréstimos a juros zero, até a retomada da economia.

Bolsonaro e seu ministro Paulo Guedes, na maior cara de pau, dizem que o governo não tem dinheiro, que tem que acabar com isolamento social, mesmo que morram milhares de brasileiros. Esses cretinos, que não dão valor à vida, que chegaram ao poder por uma aberração da política, utilizando caixa 2, fake news e outras trapaças; que usam  falsos slogans, como “ Pátria Amada Brasil”, só não dizem  que apenas de juros  aos agiotas, bancos, fundos e outros abutres, pagam cerca de R$ 500 bilhões mensalmente.  Esse dinheiro, de apenas um mês, acabaria com a pandemia em pouco tempo, evitando milhares de mortes, falências, desemprego e outros males que infelizmente deverão se abater sobre o povo brasileiro.

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