Sem mortes por Covid-19, Vietnã vira referência no combate à pandemia

País comunista se orgulha de seu balanço, que legitima os métodos por vezes intrusivos, mas amplamente aprovados pela população

No Vietnã, um país com quase 100 milhões de habitantes e fronteira com a China, nenhuma morte relacionada à Covid-19 foi relatada e menos de 300 casos de contaminação foram confirmados. O balanço é considerado credível pela OMS (Organização Mundial de Saúde), que até elogiou o país por sua transparência e o classificou como uma referência no combate à pandemia.

Como o Vietnã não tinha meios de realizar testes massivos na população – diferentemente da Coreia do Sul –, o governo aplicou uma estratégia que alguns descreveram como “low cost” (de baixo custo): o governo comunista priorizou o isolamento dos doentes e a localização das pessoas com as quais os infectados entraram em contato, direta ou indiretamente.

Ao todo, quase 100 mil pessoas foram colocadas em quarentena. Esse também foi o caso de todos os viajantes que chegaram do exterior, colocados imediatamente em quarentena por 14 dias, geralmente em prédios militares fora das cidades. “Eu mesmo estava em quarentena em casa porque estava voltando da Malásia, e uma câmera foi instalada na frente da minha porta para garantir que eu não saísse”, diz Frédéric Noir, correspondente da RFI em Hanói.

O governo tampouco hesitou em estabelecer o confinamento de bairros inteiros. Uma comunidade de 10 mil habitantes ao norte de Hanói foi completamente isolada por três semanas depois da descoberta de um caso positivo no local. Da mesma forma, 1.600 pessoas do mesmo bairro foram mantidas em confinamento por 28 dias no Delta do Mekong por causa de uma única pessoa cujo teste foi positivo.

Em 1º de abril, o governo introduziu um plano de confinamento para a população, incluindo a proibição de reuniões e uma forte “recomendação” para não sair de casa – exceto por um motivo “essencial”. Apesar da recomendação, muitos vietnamitas não seguiram as instruções.

“No meu bairro, nos arredores de Ho Chi Minh, muitas pessoas continuaram suas atividades como se nada tivesse acontecido. Mas a grande maioria das pessoas ainda usa a máscara em público. E muitas empresas controlam a temperatura dos clientes na entrada. Assim como a polícia, que montou postos de controle na entrada das principais cidades”, descreve o correspondente.

“Ofensiva geral”

O primeiro-ministro vietnamita, Nguyễn Xuân Phúc, qualificou os esforços do Vietnã como “ofensiva geral”, referindo-se à ofensiva de Têt em 1968. É uma alusão à campanha militar conjunta das Frente Nacional de Liberação do sul do Vietnã e do Exército Popular vietnamita durante a Guerra do Vietnã.

O país se beneficiou de sua experiência em 2003, quando já havia conseguido – na época – combater a epidemia de Sars. Agora, mais uma vez, o governo agiu desde o início para limitar a propagação do vírus. Em meados de janeiro, autoridades reuniram um comitê de gestão de crise com médicos e cientistas. O comitê tomou, então, medidas muito fortes: proibiram imediatamente a reabertura de escolas, convocaram médicos aposentados e aumentaram a capacidade de produção de máscaras.

Hanói decidiu suspender todos os voos entre o Vietnã e a China a partir de 1º de fevereiro, antes de restringir todos os voos internacionais. E, acima de tudo, o país decidiu fechar sua fronteira terrestre com a China – uma decisão de forte impacto devido à dependência da economia vietnamita do gigante asiático, que é seu primeiro parceiro comercial.

Hoje, o país comunista se orgulha de seu balanço, que legitima os métodos por vezes intrusivos, mas amplamente aprovados pela população. Enquanto isso, as escolas estão começando a reabrir em algumas províncias, embora ainda sob recomendação de muita cautela.

Com informações da RFI

3 comentários para "Sem mortes por Covid-19, Vietnã vira referência no combate à pandemia"

  1. Maria de Fátima Gomes de Almeida disse:

    Acho precoce e sem escrupulos paises que estao com regioes em colapso ou em fase de leve reducao da curva epidemica de morbimortalidade suspenderem o isolamento social quvisto que este vem demonstrando eficácia para o controle da COVID 19, doenca viral de alta transmissibilidade respiratoria para a qual não se dispõe ainda, nem medicamento para tratar rcom eficaciaos casos nem vacina para prevenir.À Chanceler da Alemanha Ângela Merck apesar do seu pais nao ter tido colapso em nenhuma região tem razao ao preocuparse com um possivel recrudescimeto e por esta razao recomenda cautela.De igual forma o Vietnã que controlou a epidemia em seu pais, dada a gravidade da doença mantém aspectos das medidas de prevenção e controle.
    Ao meu ver, toda região que nao têm subsídios plausíveis sobre como ta a propagação da COVID 19, o que lhes daria uma possivel aproximação da real magnitude da doença deve manter o isolamento social.Vai gerar deficit economico obvio que sim mas, o que vale mais e a economia ou preservar a VIDA da forca motriz que gera esta economia?

  2. Maria de Fatima Gomes de Almeida-Fatima Almeida disse:

    Às estrategias utilizadas pelo Vietnã foi uma tomada de decisão radical mas, responsável no sentido de coibir à propagação do agravo em seu pais.Sabendo da transmissibilidade do coronavírus, elegeu os mecanismos dentro das suas possibilidades na perspectiva de evitar um mal maior.Deu certo.Um exemplo a ser seguido.

  3. Pudera… Quem se quer meter com o terrível Vietcong? Puseram os camones K.O., logo, venha de lá o coronavírus, que vai corrido da mesma maneira…

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