“Bolsonaro despreza a vida das pessoas”, afirma líder do PCdoB

“Quando ele diz ‘e daí? Quer que eu faça o quê? Sou Messias, mas não posso fazer milagre?’, mostra que despreza completamente a vida das pessoas”, afirmou a deputada federal Perpétua Almeida (PCdoB-AC)

Foto: Juan Ruiz

Este desprezo pela vida dos brasileiros, na opinião da deputada Perpétua Almeida, é a ligação entre atitudes de Bolsonaro nos três assuntos tratados por ela numa entrevista ao jornalista Osvaldo Bertolino no Facebook do PCdoB: a decisão do ministro do Supremo, Alexandre de Moraes, de intervir na nomeação de um amigo do clã Bolsonaro para a direção da PF; a revogação das portarias do Exército que regulamentavam rastreamento e identificação de armas, munições e outros produtos controlados; e a reação do presidente ao ser questionado quanto ao aumento do número de mortes pela Covid-19.

Nesta terça-feira (29) o Brasil registrou 474 mortes em apenas 24 horas pela doença causada pelo coronavírus. O presidente tratou do pior dia da pandemia no Brasil com um “e daí?”.

“Quando ele diz ‘e daí? Quer que eu faça o quê? Sou Messias, mas não posso fazer milagre?’, mostra que despreza completamente a vida das pessoas”, reiterou a deputada, lembrando que podemos concluir o mesmo quando vemos a perseguição aos governadores, e que chefes do Executivo estadual, como Flávio Dino (PCdoB-MA), precisaram recorrer à justiça para acessar respiradores retidos pelo governo federal e socorrer as vítimas da covid-19 em seus estados.

Comando da PF

A líder do PCdoB na Câmara comentou também o tema do dia: a suspensão da nomeação de Alexandre Ramagem, amigo da família Bolsonaro, do comando da Polícia Federal pelo ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes. A deputada lembrou que Moraes é o mesmo ministro que vem acompanhando as investigações sobre o “gabinete do ódio”, que estaria produzindo fake news dentro do Palácio do Planalto e que, conforme vem sendo noticiado pela imprensa, seria coordenado por um dos filhos do presidente, o vereador do Rio de Janeiro, Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ).

“Qual o interesse do presidente Bolsonaro de retirar o ex-diretor da PF [Maurício Valeixo], que estava investigando processos que podiam chegar aos filhos dele? Qual o interesse dos filhos do presidente e da deputada [Carla] Zambelli (PSL, aliada de Bolsonaro) para que Ramagem virasse chefe da PF? Essas são as perguntas que precisam ser respondidas”, ponderou Perpétua Almeida.

A deputada comentou ainda que alguns discordam da intervenção do STF por verem aí a judicialização da política.  Argumentou, porém, que é o único caminho possível nos tempos que vivemos, em que faltaria “normalidade democrática”.

“Temos um presidente que é porta-voz da morte, que está se movimentando, aparentemente, como quem busca proteger os filhos de [processos por] crimes que eles possam ter cometido. Tudo está sendo investigado, eu não sei se os cometeram. Um presidente que tem esse tipo de preocupação, que derruba portarias do Exército, tira diretor da PF e coloca um amigo dos filhos dele, não me digam que isso é normalidade democrática. Não é”, afirmou.

“Nessas horas é preciso apelar para o Supremo”, concluiu.

Controle de armas

Perpétua também explicou os problemas relacionados à suspensão, por Bolsonaro, de portarias do Exército que tratavam do controle de armas e munições. A líder do PCdoB encaminhou um decreto legislativo para reestabelecer a validade das portarias do Exército desde que Bolsonaro anunciou, no Twitter, a suspensão.

Segundo ela detalhou, desde o Estatuto do Desarmamento, cabe ao Exército regulamentar questões relativas às armas, o que, na opinião dela, vem sendo feito com “maestria e rigor”.

“Só quem deve ter comemorado a decisão do Bolsonaro foram os bandidos, os milicianos, os que usam armas de forma ilegal. Pelo Estatuto do Desarmamento, as pessoas podem ter armas. Mas tem regras. Não é pra usar num bar quando houver brigas”, ressaltou.

No Acre, relembrou a deputada, ela ficou conhecida, à época dos debates sobre o Estatuto, como “a mulher das espingardas” porque debateu profundamente a legislação e defendeu armas de qualidade para quem precisa delas.

“As instituições precisam de armas de qualidade, defendo que o Brasil deve fabricar suas armas e que sejam de qualidade. Então eu defendo armas pra quem precisa. Na época defendi, também, que o Brasil tem que olhar para si do jeito que é. Como é que vou tirar arma dos seringueiros, dos ribeirinhos? Quem entra na mata precisa. Mas também defendi que o excesso de armas nos lares brasileiros estava matando as mulheres”, argumentou Perpétua.

“As decisões de Bolsonaro são para não preservar a vida. Por exemplo, querer permitir andar armado em qualquer lugar. Essa posição não tem resultado diferente de quando ele abandona os brasileiros em plena pandemia. O modo como trata da questão das armas, a perseguição aos governadores, as declarações: tudo isso é prova de que ele despreza a vida”, concluiu.

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