A repercussão internacional do ‘e daí?’ de Bolsonaro

Imprensa internacional destaca cinismo e gestos de menosprezo do presidente em relação à pandemia.

A fala do presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, sobre o número de mortes em decorrência do novo coronavírus na noite desta terça-feira (28/04) ganhou repercussão na imprensa internacional. O jornal Página/12 classificou como “cínica” a frase do mandatário brasileiro ao responder sobre as 474 novas vítimas da covid-19. 

Ao ser questionado sobre o Brasil ultrapassar a China em número de mortos, Bolsonaro desdenhou e disse que lamenta, mas indagou o que ele poderia fazer diante deste cenário.

“E daí? Lamento. Quer que eu faça o quê? Eu sou Messias, mas não faço milagre”, disse, em referência ao próprio sobrenome”, afirmou.

O periódico argentino afirmou que Bolsonaro “volta a surpreender por sua falta de sensibilidade” diante da pandemia do coronavírus. “Desde o começo da pandemia, Bolsonaro se opõe à quarentena nos estados e minimiza o impacto do que chama de ‘gripezinha'”, disse.

Na Inglaterra, o Guardian repercutiu as manifestações de algumas personagens políticas brasileiras sobre o episódio. O diário britânico afirmou que a resposta do presidente é a “mais recente de uma série de comentários em que menospreza a pandemia”.

“O populista admirador de Trump também minou propositadamente as diretrizes de distanciamento social, misturando-se com apoiadores e demitindo seu ministro da Saúde”, disse o Guardian

O jornal afirmou que não é possível escapar da “escalada da tragédia que se desenrola” no país, declarando que é necessário recordar as imagens de coveiros usando equipamentos de proteção nas cidades mais atingidas pela pandemia.

A resposta de Bolsonaro também foi criticada pelo argentino Clarín, que apontou que o Brasil ultrapassou a China em número de mortos por covid-19.

“O presidente menosprezou a aceleração dos contágios e ironizou sobre seu segundo nome”, afirmou o jornal. O diário argentino ainda disse que o presidente brasileiro “se recusou” a comentar o alerta que seu homólogo norte-americano, Donald Trump, fez ao Brasil.

A emissora norte-americana Bloomberg afirmou que o presidente Bolsonaro se recusou a seguir as recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS) e de seu Ministério da Saúde no combate ao coronavírus como um “gesto rebelde”.

“Ele criticou os governadores que pediram quarentena […] foi pessoalmente às ruas sem máscara protetora, apertando as mãos e visitando padarias e mercados lotados como um gesto rebelde”, diz o jornal.

Com informações de Opera Mundi