Covid-19 na centralidade da luta política

No momento devemos fortalecer o Sistema Único de Saúde (SUS), como principal patrimônio sanitário e social do povo brasileiro.

(Arte: Lincoln Xavier)

As mudanças numa sociedade só são possíveis quando as contradições de fundo chegam ao extremo e a maioria do povo consegue se constituir numa ampla frente democrática de caráter nacional. Devemos observar com atenção a crise sanitária, política, social e econômica, bem como o movimento das forças políticas diante dos acontecimentos.

Vivemos a maior calamidade sanitária mundial em quase um século com a pandemia da Covid-19. No curto período desde que a doença se espalhou, a sociedade rapidamente mobilizou enormes esforços financeiros, recursos humanos e institucionais, criou amplas redes locais e internacionais de solidariedade e reorganizou radicalmente os modos de vida dos diversos grupos sociais.

Milhares de lideranças populares mobilizadas na defesa da vida, participando ativamente dos comitês de combate ao coronavírus, fazendo o bom debate através de suas organizações populares, através das redes sociais dialogam com amplas massas. A verdade é que a solidariedade vem sendo a tônica nas relações humanas nesses tempos de aumento da curva de contágio, de apreensão social  e perdas de vidas .

Sem exagero, pode-se afirmar que essa pandemia será o juiz de todos e muitos serão condenados por serem contra o isolamento social como orientação sanitária de evitar contágio do coronavírus. A história não perdoará os que colocaram seus interesses econômicos acima do direito à vida.

Conforme está colocada a pandemia do Covid-19 é uma guerra aberta e nessa guerra o exército de trabalhadores da saúde, de lideranças dos movimentos sociais, a academia, autoridades públicas e lideranças políticas consequentes definem o ritmo, o rumo da guerra em sua complexidade e seu desfecho. É nesse contexto que a luta política se desenvolve. Isso pressupõe fortalecer o papel do Estado nacional no enfrentamento da pandemia diante dos nítidos interesses do mercado que se movimenta na lógica do lucro, dos interesses do capital. O momento exige atenta observação dos meios de luta empregados por esses dois campos.

A crise sanitária no Brasil revela o quanto o desmonte do parque industrial brasileiro fragiliza o país no momento de responder as necessidades colocadas pela crise sanitária em que há carência de material hospitalar, insumos, remédios e equipamentos. Precisamos urgentemente reconstruir o setor industrial hospitalar brasileiro. Um SUS forte significa parque industrial capaz de garantir o pleno funcionamento da saúde pública no país.

Nessa guerra, os trabalhadores da saúde, a academia, agentes públicos e os movimentos sociais têm um papel importantíssimo para definir um desfecho da crise. Formam uma frente de combate à pandemia pois, objetivamente, atuam na defesa do isolamento social como forma de evitar o contágio, testagem em massa, uso de máscaras e outras medidas preventivas em defesa da vida. Contrapõem-se à desastrosa ideia da retomada das atividades econômicas a qualquer custo. Uma postura que mostra a face desumana e antipopular das forças políticas que comandam o planalto central da República.

De um lado vemos os interesses do capital presente através da retomada da atividade econômica em pleno pico de contágio. E  de outro aqueles que defendem a vida através do isolamento social, numa postura responsável diante da crise sanitária que aflige o país.

A conjuntura nacional coloca na ordem do dia a defesa dos interesses nacionais nessa crise e da grande conquista democrática brasileira que é a Constituição Federal de 1988. Fruto da mobilização popular, seu artigo 198 afirma que a saúde é um direito do cidadão e dever do estado. Essa conquista é reafirmada pela da Lei nº 8.080/1990, mais conhecida como Lei Orgânica da Saúde, e que define o SUS como política de Estado. O Brasil é o único país do mundo com mais de 200 milhões de habitantes a possuir um sistema público de saúde de acesso universal, que salva centenas de milhares de vidas e é referência para o mundo. Isso significa que defender o papel do SUS no enfrentamento da pandemia de Covid-19 é compreender a saúde enquanto conquista social. Numa crise sanitária desse porte cabe ao estado garantir ao povo o acesso a saúde. Reafirmar que a saúde é um direito e não uma mercadoria é pensar o Brasil para todos.

A verdade é que essa é uma guerra de longa duração, cujo ápice pode estar acontecendo agora. A pandemia do coronavírus está atingindo milhares de pessoas, tirando vidas em grande quantidade,  acentuando a crise econômica e aprofundando a crise social e política no país. Precisamos supera-lá e normalizar a vida da nação. É impossível a retomada das atividades econômicas em plena pandemia, a sociedade terá que vencer a crise sanitária para superar a crise no seu todo.

No momento devemos fortalecer o Sistema Único de Saúde (SUS), como principal patrimônio sanitário e social do povo brasileiro. Ele deve ser fortalecido como nunca! Seus recursos orçamentários devem ser renovados à luz da soberania e segurança nacional! A Emenda Constitucional 95, a emenda da morte, que corta os investimentos em saúde e demais políticas públicas deve ser revogada com urgência sob pena do país ficar incapaz de garantir investimentos  necessário as atividades produtivas  que incidem no desenvolvimento econômico  e social de um país que tem grande potencial para ser ainda maior. É preciso termos um projeto de nação do tamanho dos sonhos do povo brasileiro.

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Um comentario para "Covid-19 na centralidade da luta política"

  1. Célia Maria do Nascimento Silva disse:

    Sim.o isolamento é a única forma de contribuição concreta nesse momento. É o legado ofertado a si e aos que você ama.vamos a luta se necessário,contribuir com o bem geral.deus nos abençoe grandemente.

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