Governo Lula foi o que mais vacinou contra H1N1 no mundo

Segundo o ex-ministro Alexandre Padilha, os investimentos do Governo Lula no Instituto Butantã, durante a pandemia de gripe suína, foram fundamentais para que a instituição tivesse condições, em 2020, de desenvolver a Coronavac com agilidade.

Há 11 anos foi descoberto no México um novo vírus influenza, esse vírus causava uma doença que viria a ser conhecida como gripe suína. Em meses ele se tornou uma pandemia, atingindo mais de 100 países, inclusive o Brasil. Seu fim só seria anunciado pela OMS (Organização Mundial da Saúde) 14 meses depois.

Segundo o ministro da Saúde à época, Alexandre Padilha, o Brasil se destacou por ser o país que mais vacinou no mundo contra aquela pandemia. Ele enfatizou a importância do SUS e da coordenação federal para o combate aquela pandemia, durante a live do Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé, ocorrida em 18 de dezembro, que reuniu cerca de 40 comunicadores da mídia alternativa para o debate “Vacina Já! Como reforçar essa campanha?”. O bate papo de jornalistas ocorreu também o médico infectologista Marcos Boulos, as deputadas federais Luiza Erundina (PSOL-SP) e a Jandira Feghali (PCdoB –RJ).

O debate teve o objetivo de articular uma campanha conjunta do campo progressista para combater a desinformação e fake news que prejudicam a aceitação da vacinação pela população brasileira, devido ao desestímulo promovido pelo presidente Jair Bolsonaro e seu ministro da Saúde, Eduardo Pazuello.

A princípio, a OMS apontou que cerca de 18 mil pessoas morreram por causa da gripe suína no mundo, mas, em um estudo posterior, reviu esse total para 200 mil. O estudo do Instituto de Medicina Tropical da USP, feito com base nos dados do Ministério da Saúde, aponta que, em 2009 e 2010, foram notificados 105.054 casos no Brasil, dos quais 53.797 (51,2%) foram confirmados como sendo do novo subtipo de H1N1. 

Um fator fundamental para o baixo índice de mortes em relação ao número de pessoas infectadas durante a pandemia de H1N1 foi o fato de haver na época medicamentos antivirais capazes de combater aquele vírus.

Outro elemento que contribuiu para controlar a disseminação do novo subtipo de H1N1 foi o desenvolvimento de uma vacina ainda em 2009. Isso foi possível porque já havia uma vacina contra outros vírus influenza, e foi uma questão de adaptar o que existia para criar uma versão capaz de conferir imunidade contra aquela variedade do H1N1.

Padilha defende que o SUS precisa garantir um plano de vacinação para todos no país. O ex-ministro lembra que em 2010, quando começou a vacinação da H1N1, a vacina que existia era do Instituto Butantã. “Lula não teve dúvida e investiu no Instituto a partir da transferência de tecnologia da indústria francesa. A planta que permite construir a vacina, agora, é daquela época”, disse ele, explicando que os investimentos do Governo Lula foram fundamentais para que a instituição ter condições, em 2020, de desenvolver a Coronavac com agilidade.

“O Brasil tem tradição nisso [desenvolvimento de vacinas e campanhas de imunização] e mobiliza outros países para parcerias”, ressaltou o médico. Ele relta que houve uma campanha de vigilância epidemiológica em sua gestão que conseguiu atingir 80 mil pessoas.

Para Padilha, é inaceitável que o Brasil tenha passado 14 semanas seguidas com mil pessoas morrendo a cada 24 horas, numa curva epidêmica de platô inédita no mundo. Até os EUA, que têm os piores números da pandemia, viveram uma queda nos números após o pico. “O Brasil tem tudo: condição financeira, instituições públicas muito reconhecidas e interesse de empresas internacionais querendo parceria. O que falta é um governo que coordene isso”, garante ele.

Padilha lamenta a inércia e reatividade do Ministério e da Presidência da República diante da violência da pandemia. Ele observou que foi preciso um movimento dos partidos políticos junto à Suprema Corte para exigir um plano de imunização, depois cobrar o calendário de vacinação, a exigência de regra do próximo orçamento para obrigar a meta de vacinar toda a população.

“Não adianta vacinação, sem Sus forte”, disse, diante da proposta de orçamento que retirava R$ 33 bi da saúde, o equivalente a 22% do orçamento do Ministério da Saúde. “Se não tiver unidades de saúde, profissionais de saúde da família, não consegue garantir vacinação para todos”.

Padilha avalia que o Governo Bolsonaro “é luta e disputa permanente”. “Ele não tem a menor intenção de construir nada. E está com medo desse povo todo podendo voltar pra rua”. O médico lamenta a força do negacionismo, com muitos profissionais de saúde dizendo que não tomaria vacina, conforme apontam conselheiros do SindiSaúde. “Vacina é liberdade!” concluiu ele.

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