PIB dos EUA cai 3,5% e sofre a maior queda desde a 2ª Guerra Mundial

A perda de 10 milhões de empregos, o fechamento maciço de pequenas empresas e uma enorme desigualdade são os traços que marcaram um ano em que as previsões não se cumpriam para os EUA

Os Estados Unidos registraram em 2020 sua pior retração econômica desde 1946, no período imediatamente após a 2ª Guerra Mundial. De acordo com uma estimativa preliminar do Departamento do Comércio divulgada nesta sexta-feira (28), o PIB norte-americano despencou 3,5% no ano passado, sob o efeito da pandemia de Covid-19.

Depois de entrar em recessão em fevereiro de 2020 – após 128 meses de crescimento –, a economia norte-americana se recuperou no quarto trimestre, com uma alta de 4%, segundo um indicador anualizado empregado nos EUA. A cifra foi inferior à prevista por analistas, que esperavam um crescimento de 4,4%. Se for considerado o indicador utilizado em outros países, o crescimento entre outubro e dezembro foi de 1%.

A perda de empregos (10 milhões de postos de trabalho a menos e uma taxa de desemprego de 6,7%), o fechamento maciço de pequenas empresas e uma enorme desigualdade são os traços que marcaram um ano em que as previsões não se cumpriam, à medida que o país era atingido por novas ondas do novo coronavírus.

Conforme o Departamento de Comércio, a queda do PIB em 2020 reflete contrações no gasto das famílias, nas exportações e nos investimentos privados não residenciais, além de uma redução nos gastos das administrações locais e estatais, em parte compensadas por aumentos em incentivos do governo federal. As exportações caíram 13% em 2020, e o consumo pessoal diminuiu 3,9%. Esses dados preliminares serão revisados numa nova avaliação em 25 de fevereiro.

É a primeira vez que o crescimento anual registra uma queda desde 2009, na Grande Recessão, quando a economia contraiu 2,5%. Bem diferente, por certo, da redução de 1946, que foi de 11,6% em virtude da desmobilização posterior ao conflito bélico.

O comportamento da economia em 2020 foi marcado por altos e baixos: da crise da primavera, que coincidiu com a primeira onda da pandemia, até a retomada do verão, com um crescimento de 7,4% que coincidiu com a reabertura da atividade econômica. Depois, sobreveio a desaceleração do último trimestre, sobre a qual o Federal Reserve alertou na quarta-feira, por efeito direto da segunda e da terceira ondas da pandemia.

Com o vírus ainda fora de controle em boa parte do país, os economistas preveem que o crescimento econômico continuará negativo no primeiro trimestre do ano, antes de uma eventual retomada no verão. A reação dependerá do êxito do governo Joe Biden, que prometeu ajuda no valor de US$ 1,9 trilhão (R$ 10,3 trilhões), e o ritmo de vacinação sejam ampliados e cheguem à maioria dos norte-americanos.

Segundo a Casa Branca, o país alcançaria a imunização coletiva no verão e se recuperaria com as ajudas diretas às famílias e às pequenas e médias empresas, após os dois programas de estímulos aprovados em 2020. Os benefícios do primeiro se esgotaram justamente no último trimestre do ano passado, ao passo que boa parte dos recursos do segundo programa ainda não havia chegado aos beneficiários quando o novo mandatário assumiu na Casa Branca, na terceira semana de janeiro.

A retração do consumo no último trimestre de 2020, devido ao vírus e ao atraso na aprovação pelo Congresso do último plano de assistência, prejudicou o bom desempenho dos únicos setores que tiveram dados positivos: a indústria e a construção. O setor mais afetado pela pandemia e pelos consequentes fechamentos parciais ou totais da atividade foi o de serviços, em especial os trabalhadores mais precários – em sua maioria, mulheres e membros de comunidades como a latina e a afro-americana.

Com informações do El País

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