Série histórica mostra agravamento na ocupação de UTIs no SUS
Boletins da Fiocruz indicam 19 estados em zona de alerta crítica
Publicado 04/03/2021 19:42 | Editado 04/03/2021 20:57

Com 19 estados na zona de alerta crítica para a ocupação de leitos de unidades de terapia intensiva (UTIs) destinados a pacientes com covid-19, o Sistema Único de Saúde (SUS) vive o momento de maior lotação desde o início da pandemia, mostra a série histórica de mapas divulgada hoje (4) pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).
O estudo reúne os mapas publicados em 17 boletins do Observatório Covid-19 Fiocruz, divulgados desde 17 de julho do ano passado.
“Como podemos observar na sequência de 17 mapas abaixo, mesmo no período entre a segunda metade de julho e o mês de agosto, quando foram registrados os maiores números de casos e óbitos, não tivemos um cenário como o atual, com a maioria dos estados e o Distrito Federal na zona de alerta crítica”, analisa a fundação.

A situação de um estado é considerada de alerta crítico quando a ocupação das UTIs atinge 80% das vagas disponíveis para adultos no SUS.
Os mapas mostram que o Amazonas está com as unidades de terapia intensiva em situação crítica de forma duradoura: à exceção do boletim de 7 de dezembro, as UTIs amazonenses apresentaram mais de 80% de ocupação em todas as análises desde 9 de novembro, somando oito vezes.
O estado de Goiás foi o que mais apareceu na zona de alerta crítica, ocupando essa posição em nove dos 17 mapas, incluindo os últimos três.
Pernambuco é o estado na zona de alerta crítica há mais tempo de forma ininterrupta, já que foi classificado dessa forma em 7 de dezembro e se mantém com ocupação acima de 80% há sete boletins seguidos. Rondônia e Paraná entraram na zona de alerta crítica em 18 de janeiro, e permaneceram nela até a última análise, de 1 de março.
No último boletim da Fiocruz, somavam mais de 80% de ocupação nas UTIs: Acre (92%), Amazonas (92%), Bahia (83%), Ceará (93%), Distrito Federal (91%), Goiás (95%) Maranhão (86%), Mato Grosso (89%), Mato Grosso do Sul (88%), Pará ( 82%), Paraná (92%), Pernambuco (93%), Piauí (80%), Rio Grande do Norte (91%), Rio Grande do Sul (88%), Rondônia (97%), Roraima (82%), Santa Catarina (99%) e Tocantins (86%).
Os pesquisadores detalham que, no caso de Minas Gerais, o estado tem divulgado taxas de ocupação de leitos de terapia intensiva sem distinção entre leitos de UTI gerais e de covid-19. Já para o estado do Rio de Janeiro, foram considerados dados da capital nos dias 17/07, 27/07, 10/08 e 24/08/2020 pela falta de dados estaduais na época em que os boletins foram divulgados.
Fila de espera para UTI

Espalham-se pela internet os relatos de lotação de UTIs por todo o país, tanto por autoridades de gestão, quanto por médicos e gestores de hospitais. Confira como está a situação em três localidades, nesta quinta.
O Departamento de Regulação Estadual do Rio Grande do Sul informa que as pessoas já estão sendo selecionadas para ocupação de leitos conforme a gravidade do caso, ou seja, o estado tem mais gente precisando de atendimento do que a capacidade instalada. Por volta das 10h desta quinta, a ocupação de leitos de UTI adulto estava em 100,6% no estado.
Na última semana, o Rio Grande do Sul registrou mortes de pacientes com Covid que aguardavam leitos de UTI. Os pacientes “vermelhos” são manejados para dentro dos hospitais, mas os outros são manejados em unidades de pronto atendimentos, leitos de emergência nos hospitais. Segundo as autoridades médicas, esse vai ser o remanejo da crise até que se consiga controlar esse momento da pandemia.
Existe uma correria para transportar pacientes de localidades menos servidas por atendimento, no entanto, em alguns casos, o paciente sequer tem condições de transporte. Pontualmente, já houve pacientes que faleceram aguardando remoção para um leito de UTI.

A Secretaria de Saúde do Paraná informou, também nesta quinta-feira (4), que a ocupação de leitos de UTI do SUS para pacientes com Covid-19 no estado é de 96%. Na região oeste, onde a situação é mais grave, a lotação é de 98%. Em todo o estado, 811 pessoas aguardam por uma vaga em leito hospitalar.
Na quarta-feira (3), o Ministério Público Federal (MPF) ajuizou uma ação pedindo transferência de pacientes de Cascavel para outras regiões do Brasil.
O Estado está transferindo pacientes entre as regiões do estado, embora todas estejam com mais de 90% de ocupação.
O secretário de saúde do Paraná, Beto Preto, afirmou que a estratégia de ampliar a oferta de leitos é como “enxugar gelo”. “Não podemos ficar vendendo essa ideia de que podemos ficar abrindo leitos”, afirmou.
Atualmente, o Paraná tem 1.365 leitos de UTI Covid-19 do SUS.

Nesta quinta-feira (4), a estrutura hospitalar da cidade de São Paulo para o combate à Covid-19 voltou a atingir um nível de pressão que não via há oito meses: a cada dez leitos de UTI operacionais para o tratamento de pacientes com suspeita ou confirmação da doença, oito estão ocupados. Foi a primeira vez desde 28 de maio que a taxa não ultrapassava os 80%.
Atualmente, a média de pacientes ocupando ao mesmo tempo um leito de terapia intensiva por causa da Covid-19 é de 2.587. Isso quer dizer que sobram em média 642 do total de 3.228 leitos de UTI disponíveis hoje em dia na capital paulista.
Os dados foram divulgados pelo Censo Covid, criado e mantido pela Secretaria de Estado da Saúde (SES-SP) para receber diariamente de hospitais públicos e privados o total de leitos para a Covid disponíveis, e quantos estão ocupados.
Atualmente, todos os dias uma média de 623 novos pacientes são internados nas enfermarias e UTIs da capital. Essa média vem aumentando consecutivamente há 20 dias, e já voltou a um patamar que não era visto desde o início de agosto.

Com informações da Agência Brasil