Israel: O impasse político continua

Em artigo publicado nesta quarta-feira (24), em seu site oficial, o Partido Comunista de Israel previa a persistência do impasse político em Israel apesar de Netanyahu cantar vitória. A previsão foi confirmada nesta sexta-feira (26), com a divulgação do resultado final.

Diziam os comunistas: “O primeiro-ministro de extrema-direita de Israel, Benjamin Netanyahu, rapidamente comemorou, na noite de terça-feira, 23 de março, ‘uma grande vitória’ para seu partido Likud na quarta eleição em dois anos (algo sem precedentes em Israel) – mas a contagem real de votos sugere que seu bloco de direita pode não ter assentos suficientes no Knesset para formar uma coalizão governante”.

De fato, Netanyahu estava exultante: “Vocês deram uma grande vitória à direita e ao Likud sob minha liderança. O Likud é de longe o maior partido. É claro que a maioria dos israelenses é de direita e deseja um governo de direita forte e estável”.

Três dias depois dessa declaração, os números finais mostram que Netanyahu e sua aliança de direita e religiosa conquistaram 52 cadeiras (nove menos do que o necessário), e o heterogêneo bloco de oposição anti-Netanyahu, 57. A direita “independente” Yamina, com sete cadeiras, e o partido árabe islâmico Raam, com quatro, tornaram-se as chaves para a formação de um governo.

Embora Netanyahu precise de Yamina e Raam para formar um governo, o bloco de oposição só precisa de um deles para alcançar a maioria de 61 dos 120 assentos no Knesset.

Ficaram assim distribuídas as cadeiras no parlamento israelense: Likud (30), Yesh Atid (17), Shas (9), Azul e Branco (8), Israel Nosso Lar (7), Judaísmo da Torá Unida (7), Yamina (7), Partido Trabalhista (7), Lista Conjunta, da qual faz parte a “Frente Pela Paz – Hadash”, integrada pelo PC de Israel (6), Nova Esperança (6), Partido Sionista Religioso (6), Meretz (6), Lista Árabe Unida, também conhecida pelo seu acrônimo em hebraico – Raam (4).

O PC já previa, na matéria citada, que a lista conjunta teria 6 parlamentares. “A Lista Conjunta de três partidos deve ocupar apenas seis dos assentos; com (a previsão de) mais cinco da Raam, isso representa uma queda considerável em relação aos 15 da última eleição há um ano. A queda se deve ao rompimento da Raam com a Lista Conjunta e a um número relativamente menor de eleitores árabes indo às urnas desta vez, o que pode ter sido resultado da própria divisão. No entanto, o líder da Lista Conjunta, MK Ayman Odeh (Hadash) disse: Estou feliz que Mansour Abbas (líder da Raam) tenha passado [o limite eleitoral] – estou arrasado com a divisão entre nós”.

Na próxima quarta-feira (31), o Comitê Eleitoral apresentará oficialmente os resultados ao presidente israelense Reuvén Rivlin, que convocará os partidos para consultas e dará a um candidato o mandato para formar um governo.

Este candidato terá então 28 dias para conseguir isso, com mais 14 dias se autorizado pelo presidente. Se não lograr sucesso, Rivlin poderá escolher um segundo candidato que terá tempo semelhante para tentar formar governo e evitar a quinta eleição em dois anos.

Apesar de ser julgado por acusações de corrupção, que ele nega, Netanyahu continua como primeiro-ministro interino até que haja uma definição.

Com informações de Prensa Latina e Efe-EPA