Só 30% dos brasileiros estão isolados, nível mais baixo na pandemia

Segundo o Datafolha, 2% dizem não sair de casa sob hipótese alguma e 28% declaram sair de casa somente quando inevitável

O nível de isolamento dos brasileiros é o mais baixo desde o início da pandemia de Covid-19, apesar da manutenção de parte das restrições impostas para conter a disseminação do novo coronavírus. Conforme pesquisa Datafolha, apenas 30% dos brasileiros adultos estão totalmente isolados ou saem de casa somente quando inevitável.

Nesse contingente, 2% dizem não sair de casa sob hipótese alguma – uma queda de seis pontos percentuais em relação a março de 2021 (8%) e cifra bem distante dos 18% registrados em pesquisa de abril do ano passado, logo no início da pandemia. Já os que declaram sair de casa somente quando inevitável somam 28%. É um percentual bem abaixo dos 41% registrados na pesquisa de março passado, quando o País enfrentava o pico da segunda onda de Covid-19, com falta de leitos de UTI, oxigênio e medicamentos para intubação de pacientes.

A taxa de isolamento alcançou o ápice em abril de 2020, no primeiro mês da crise sanitária. Na ocasião, 72% permaneciam em casa. Em março deste ano, eram 49%. O isolamento total é majoritário entre quem tem mais de 60 anos, um dos grupos de risco para a Covid, com 4% de adesão. O índice é inferior ao de março, quando 12% dos brasileiros nessa faixa etária afirmavam não sair de casa. Entre as duas pesquisas, esse foi o grupo que mais se beneficiou com a campanha de vacinação anti-Covid no País.

Em contrapartida, 63% dos que dizem sair de casa para trabalhar e fazer outras atividades afirmam tomar cuidado. O índice é recorde desde o início da pandemia e um salto em relação a março último, quando esse grupo representava 47%. Já 7% dos brasileiros afirmam viver normalmente, sem alterar a rotina em razão da Covid.

Entre os que dizem sair de casa somente quando inevitável, há discrepância por faixas etárias. Entre brasileiros de 16 a 24 anos, os que evitam sair somam 19% – número que chega a 49% entre quem tem mais de 60 anos. A baixa adesão dos jovens ao isolamento foi acompanhada de um aumento de casos e hospitalizações. Levantamento da Amib (Associação de Medicina Intensiva Brasileira) mostrou que o percentual de mortes de pacientes com idades entre 18 e 45 anos, internados em UTIs, saltou de 13,1%, entre setembro e novembro de 2020, para 38,5%, entre fevereiro e março deste ano.

Já nos que afirmam estar saindo de casa normalmente, sem mudar nada na rotina, os maiores percentuais foram observados entre homens (11%, ante 4% das mulheres), nos que têm renda de mais de dez salários mínimos (10%) e entre os que sempre confiam nas falas do presidente Jair Bolsonaro (14%).

O Datafolha ainda avaliou a sensação de segurança dos brasileiros para a retomada de algumas atividades. Ir a festas é considerada a mais insegura delas. Somente 4% dos entrevistados afirmam se sentir muito seguros nesses locais. Outros 13% dizem se sentir pouco seguros, e 82%, nada seguros. A ida a igrejas e templos religiosos é apontada como a atividade com menor risco de contaminação. Segundo a pesquisa, 18% se sentem muito seguros, 42% um pouco seguros e 39% nada seguros nesses espaços.

Já o fato de sair para trabalhar é avaliado como muito seguro para 14% dos participantes, pouco seguro para 53% e nada seguro para 31%. Escolas e faculdades representam um ambiente muito seguro para 8% dos entrevistados, pouco seguro para 43% e nada seguro para 47%.

Questionados a respeito da abertura das escolas, 46% disseram que as unidades deveriam ficar fechadas durante toda a pandemia. Já 28% responderam que apoiam a abertura parcial, e 18%, o fechamento somente nas fases mais restritivas. Outros 7% disseram-se favoráveis à abertura sem restrições e 1% não soube opinar.

O Datafolha ouviu 2.071 brasileiros com 16 anos ou mais, em 146 municípios de todas as regiões do País, nos dias 11 e 12 de maio. A margem de erro da pesquisa é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos.

Com informações do Valor Econômico