Derrotar Bolsonaro é “absolutamente prioritário”, diz Flávio Dino

Frente ampla é mais viável agora do que podia ter sido em 2018, afirma governador

Mesmo antes de seu término no Senado, a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid-19 cumpriu sua missão de comprovar as graves omissões do governo Jair Bolsonaro no combate à pandemia do novo coronavírus. A opinião é do governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB). “Para mim, a comissão já revelou, de modo pleno, os elementos que juridicamente conduzem à responsabilização do presidente e de alguns de seus ministros”, afirma Dino em entrevista à revista IstoÉ.

“Um dos maiores méritos da comissão foi ter conseguido reunir múltiplas provas sobre um mesmo fato: depoimentos e muitos documentos que vão dando cada vez mais concretude a essas ações e omissões do presidente e de seus auxiliares. Não tenho reparos significativos a fazer à CPI”, afirma o governador.

Em sua opinião, a população também está mais a par do “nexo causal” entre a atuação do governo e os “os danos sofridos” pelos brasileiros. O caso mais evidente, segundo Dino, é o boicote bolsonarista à vacinação contra a Covid, que envolveu ações como “atrasar deliberadamente a compra de vacinas, sabotar o imunizante e se omitir na compra de vacinas por questões ideológicas”.

“Em razão da inexistência de vacinas, menos pessoas foram imunizadas. Com isso, estamos tendo mais casos do que teríamos se a vacinação estivesse mais avançada”, resume o governador. De acordo com Dino, a pandemia – “maior tragédia humanitária da história do País” – levará Bolsonaro a perder muitos apoios e votos nas eleições presidenciais de 2022.

“Nunca, em tão pouco tempo, tantas pessoas morreram por causa de uma doença. O Brasil nunca se envolveu sequer numa guerra ou algo que se fizesse perder tantas vidas”, afirma o governador do PCdoB. “Independentemente da vontade de candidato A ou B, esse tema estará presente, como sinal da ineficiência de alguém que estará disputando a eleição.”

Sejam quais forem os concorrentes de Bolsonaro na disputa, Dino defende “uma ampla articulação” para derrotar o presidente e impedir sua reeleição. “Ele é um péssimo governante, um verdadeiro desastre. Removê-lo do governo é um objetivo absolutamente prioritário – e isso deve ultrapassar as fronteiras da esquerda”, opina.

Para Dino, a eleição 2022 terá dois turnos – o que exige unidade das forças contrárias a Bolsonaro, à semelhança da que houve contra Fernando Collor de Mello em 1989. “Lula foi ao segundo turno contra Collor. No primeiro, houve debates duríssimos entre Lula, Mário Covas e Brizola. Ainda assim, Brizola e Covas se uniram a Lula contra Collor – e perceba que Bolsonaro é infinitamente mais nocivo do que Collor”, afirma Dino. “Às vezes, você não se une pelo amor no primeiro turno, mas consegue se unir no segundo turno por um objetivo comum, que, neste caso, é derrotar Bolsonaro.”

O governador do Maranhão garante que a frente ampla é mais viável agora do que podia ter sido em 2018, quando Fernando Haddad (PT) não teve apoio de diversas lideranças de Centro e mesmo da esquerda no segundo turno. “O ano de 2018 foi complicado. Havia polêmicas na relação com a esquerda e existiam muitos fatores de divisão”, diz. “E existiam ainda aqueles que minimizavam o risco de vitória de Bolsonaro. Como agora essa é uma realidade terrivelmente concreta – já que Bolsonaro venceu em 2018 e tem chances de vencer novamente –, os fatores de união são muito maiores.”

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