Entidades pedem providências após Wassef ameaçar jornalista do UOL

Juliana Dal Piva fez uma série de reportagens sobre possíveis crimes cometidos por Jair Bolsonaro. “Não iriam nem encontrar o seu corpo”, disse Wassef em mensagem.

Foto: Reprodução

A Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), o Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Município do Rio de Janeiro e a Comissão Nacional de Mulheres da Fenaj divulgaram nota repudiando a ameaça do advogado, Frederick Wassef, à jornalista do UOL Juliana Dal Piva.

“A jornalista vem desempenhando importante trabalho de investigação e expondo possíveis crimes cometidos por Jair Bolsonaro, com uma série de reportagens e podcast documental, nos quais expôs supostos crimes cometidos pelo presidente da República enquanto Deputado Federal”, afirma nota divulgada pelas entidades, que exige proteção para Dal Piva.

“Não aceitaremos que o presidente e seus apoiadores sigam ameaçando jornalistas e colocando suas vidas em risco. Exigimos dos órgãos responsáveis imediata apuração da ameaça e proteção à jornalista”, diz o documento, que pede ainda que a Comissão de Ética da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) instaure procedimento disciplinar contra Wassef.

Dal Piva vem publicando informações sobre o esquema de ‘rachadinhas’ envolvendo a família Bolsonaro. Uma das matérias trouxe à tona áudios em que a ex-cunhada de Jair Bolsonaro, Andreia Siqueira Valle, implica diretamente o presidente da República no esquema das ‘rachadinhas’, ou seja, devolução de parte do salário por funcionários de um político.

Pelo WhatsApp, Wassef enviou uma mensagem à jornalista com o seguinte conteúdo: “Faça lá o que você faz aqui no seu trabalho, para ver o que o maravilhoso sistema político que você tanto ama faria com você. Lá na China você desapareceria e não iriam nem encontrar o seu corpo”. O advogado, bastante próximo da família Bolsonaro, se tornou conhecido quando Fabrício Queiroz foi preso pela Polícia Federal em imóvel de sua propriedade em Atibaia (SP).

Queiroz, ex-assessor do gabinete de Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ) quando o senador era deputado estadual do Rio de Janeiro, e apontado pelo Ministério Público do RJ como operador das ‘rachadinhas’. O ex-assessor ganhou o direito à prisão domiciliar e já foi liberado dela.

Confira a íntegra da nota:

A Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ), o Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Município do Rio de Janeiro e a Comissão Nacional de Mulheres da FENAJ repudiam veementemente a ameaça do advogado Frederick Wassef à jornalista do UOL, Juliana Dal Piva.

A jornalista vem desempenhando importante trabalho de investigação e expondo possíveis crimes cometidos por Jair Bolsonaro, com uma série de reportagens e podcast documental, nos quais expôs supostos crimes cometidos pelo presidente da República enquanto Deputado Federal, como a “rachadinha” – apropriação de parte do salário de assessores.

Não aceitaremos que o presidente e seus apoiadores sigam ameaçando jornalistas e colocando suas vidas em risco. Exigimos dos órgãos responsáveis imediata apuração da ameaça e proteção à jornalista.

Cobramos também da Comissão de Ética da OAB instauração de procedimento disciplinar contra o referido advogado.

Basta de ameaças às jornalistas, à imprensa, ao livre exercício do jornalismo e à liberdade de expressão, pilares de qualquer Estado Democrático.

À jornalista Juliana Dal Piva declaramos nosso irrestrito apoio e solidariedade.

Federação Nacional dos Jornalistas – FENAJ

Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Município do Rio de Janeiro

Comissão Nacional de Mulheres da FENAJ

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