Publicado 16/07/2021 17:43 | Editado 16/07/2021 17:44
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, está mais ligado à Flórida do que ao seu compromisso de mudar a política em relação a Cuba, revelando uma retórica ligada às campanhas contra a ilha.
Biden “parece apoiar outra revolução” de cor “liderada e financiada pelos Estados Unidos em Cuba” para tentar derrubar seu governo legítimo, advertiu a pacifista Cindy Sheehan em declarações recentes à Prensa Latina.
Até agora, quase seis meses após a posse, o presidente havia delegado a funcionários de seu governo a palestra sobre a revisão da política em relação a Cuba, o que demoraria devido a outras questões urgentes para a Casa Branca.
Mas os tumultos de 11 de julho no território nacional foram suficientes para que o presidente expressasse imediatamente seu apoio aos “milhares de cubanos” que tomaram as ruas da nação caribenha imediatamente, um dia depois, contra o “regime autoritário”.
Biden culpou o governo cubano pelas agruras que atravessa o país em vez de se referir a mais de seis décadas de cerco unilateral destinado a causar fome e desespero neste lado, em um contexto agravado pela pandemia de Covid-19. A partir daí, seguiram suas opiniões sobre ‘direitos humanos’, ‘liberdades’, ‘direitos universais’, supostamente violados aqui
Em entrevista coletiva, após encontro com a chanceler alemã, Angela Merkel, o presidente assumiu o direito de fornecer Internet a Cuba e falou em entregar vacinas anti-Covid-19 por meio de terceiros.
Porém – que lapso – ignorou em tempo recorde as cinco vacinas candidatas desenvolvidas pela ciência cubana, uma delas, Abdala, recebeu aprovação para uso emergencial e já é imunizante com eficácia de 92,28%, uma das mais altas do mundo.
Entretanto, deixou claro que não eliminará as restrições às remessas, uma das principais reivindicações de vários parlamentares, personalidades, grupos e organizações que rejeitam o bloqueio e pedem para aliviar o sofrimento da família cubana.
Para Biden, essa “falta de liberdade” alimentou os protestos “espontâneos” que, como denunciou Havana, fazem parte de um plano mais amplo e contínuo, semelhante aos descritos nos manuais do “golpe brando”.
Ativistas como a advogada e escritora Rosemari Mealy, afirmaram que é hora de cobrar contas do presidente.
“Estamos muito ocupados com discussões e reuniões para definir estratégias que nos permitam confrontar diretamente Biden sobre como ele mentiu durante a campanha eleitoral”, disse ele a esta agência de notícias via WhatsApp.
Sentimento de frustração e decepção compartilhado por todos nós que organizamos o apoio à campanha do então candidato, destacou o integrante da rede de solidariedade com Cuba nos Estados Unidos.
Alguns parlamentares querem respostas, é o caso de Barbara Lee, que renovou sua exortação ao governo Biden para “tomar medidas urgentes para reverter as políticas erradas e fracassadas” de Trump, que só serviram para prejudicar o povo cubano.
Mas as 243 medidas coercitivas do republicano ainda estão em vigor lá, enquanto o discurso de Biden se atém ao coro anticubano em Miami.
Dessa cidade do sul da Flórida, apelam à intervenção e à reaproximação zero com Havana, ao contrário do que procuram os cubano-americanos, que promovem a criação de pontes de amor entre os povos dos dois países.
É uma reminiscência do que expressou o advogado cubano-americano José Pertierra em entrevista à Prensa Latina no ano passado: Trump cedeu o poder da política externa para Cuba a parlamentares de extrema direita da Flórida, como Marcos Rubio.
Aparentemente, essa é a aposta de Biden.
As opiniões expostas neste artigo não refletem necessariamente a opinião do Portal Vermelho
Fonte: Prensa Latina