Caminhoneiros desmentem Sérgio Reis: “Não representa nem os artistas”

“A gente desconhece as pessoas que estão ao lado dele”, diz presidente do Conselho Nacional do Transporte Rodoviário de Carga

Líderes caminhoneiros desmentiram, neste domingo (15), a afirmação do cantor e ex-deputado Sérgio Reis de que estariam organizando uma manifestação golpista da categoria, no dia 7 de setembro, para dar mais poderes ao presidente Jair Bolsonaro e impor o voto impresso. Áudios atribuídos ao sertanejo afirmam que a manifestação terá um objetivo adicional: a destituição dos ministros do Supremo Tribunal Federal.

“A gente desconhece as pessoas que estão ao lado dele”, disse Plinio Dias, presidente do Conselho Nacional do Transporte Rodoviário de Carga (CNTRC), ao jornalista Chico Alves, do UOL. “Sérgio Reis não representa nem os artistas, quanto mais os caminhoneiros”, acrescentou.

Em vídeo publicado nas redes sociais, Reis afirma que o movimento deve acontecer nos três dias que antecedem o próximo feriado de 7 de setembro. “Vamos fazer um movimento clássico, sem agressões”, diz Reis na gravação. “Estamos organizando talvez (para) 4 a 6 de setembro. Dia 7 de setembro não queremos fazer nada para não atrapalhar o desfile do nosso presidente, que é muito importante”, disse Reis.

Ao UOL, Dias declarou que a preocupação dos líderes da categoria é com as melhorias de condições de trabalho – e não com pautas políticas. “Ninguém conhece esse tal de Zé Trovão e esse tal de Chicão Caminheiro, que aparecem nos áudios de WhatsApp convocando para a manifestação. Os caminhões que vão participar são bancados pelo agronegócio”, denuncia o presidente do CNTRC.

O presidente da Associação Brasileira dos Condutores de Veículos Automotores (Abrava), Wallace Landim, o Chorão, que já apoiou o presidente Jair Bolsonaro, também desmentiu o cantor. “Não nos envolvemos com política, nem a favor de governo ou contra governo, nem a favor do STF ou contra o STF”, diz ele. “Quero deixar claro que não participamos disso.”

O receio dos caminhoneiros é que a ação golpista de Sérgio Reis prejudique demandas do movimento. Por isso, Chorão contesta qualquer representatividade do sertanejo dentro da categoria. Segundo o presidente da Abrava, uma das pautas do setor é o julgamento de três ações que questionam a constitucionalidade da tabela do frete.

“Precisamos destravar essas três ADIs (ações diretas de inconstitucionalidade) que estão no Supremo. Estamos pedindo para que o STF as julgue”, afirmou o caminhoneiro à Folha de S.Paulo. Segundo Chorão, a Abrava tem cerca de 35 mil associados.

Pela manhã, Chorão divulgou um vídeo no qual critica duramente a posição de Reis e afirma que os caminhoneiros não estão envolvidos nos atos e que ele não se manifesta politicamente. Ele ainda afirmou que o cantor “nunca lutou pela pauta” do setor quando era deputado federal. “Ele tem que falar em nome dos artistas que ele representa, que é o segmento dele”, conclui Chorão.

Com informações do UOL e da Folha